4 simples características que são incrivelmente indescritíveis no Japão

Morei no Japão por dois anos há uma década atrás e agora moro no País de novo, e vivo.

Há muitas coisas “clichês” que podem ser apreciadas por aqui, como as tecnologias que tornam a vida mais prática, segurança, educação etc. Mas há outras situações simples do cotidiano que, amigos, são inspiradoras e inexplicáveis.

Talvez não venha a fazer muito sentido para muitos, mas peço que o leitor tente internalizar as impressões e os possíveis “sentimentos” que, de alguma forma, expressam-se até poéticas no que diz respeito a esse texto (aliás, muitas poesias japonesa geralmente carregam a maioria dos elementos descritos abaixo).

Estação do ano

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Em novembro, do meio para o final de outono, já sente-se um friozinho devido aos ventos do norte e noroeste, que são mais latentes. Nesse período, os termômetros variam entre 12 e 20 graus no decorrer do dia.

Por volta das 9 e 11 horas da manhã e 3 e 4 da tarde, quando o dia está ensolarado, tudo fica absolutamente magnífico – e aqui é o meu ponto central.

O vento um tanto gelado chega a fazer quase um dueto com o calor ameno do Sol, digamos que um supera a sobra do outro mantendo um equilíbrio perfeito. E no período da tarde, para completar a composição, o sol brilha impecavelmente penetrante, um amarelo meio avermelhado, podendo ser visto seus raios de todos os lugares.

Hatake (plantação)

plantacao-de-arroz

Diferente da experiência que temos no Brasil, onde as plantações são gigantescas e localizadas em regiões interioranas e exclusivas, no Japão, o cenário muda.

Até mesmo há poucos quilômetros de Tóquio, por exemplo, me refiro nas regiões periféricas da capital, é possível encontrar pequenas áreas com plantações. E acreditem, não são hortas, mas plantações de verdade! Principalmente de arroz.

E não se trata somente de uma questão cultural e física do País, mas um fator subjetivo que gera sentimentos peculiares que… amigos, é difícil descrever. Só posso dizer que deve-se ter a experiência.

Natureza permanente

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Um dia eu estava saindo do mercado, indo para a garagem onde estacionei meu jegue. A garagem fica na parte superior do estabelecimento, que, diga-se de passagem, permite uma vista panorâmica razoavelmente incrível, quase uma efígie.

Olhei para o horizonte e, quando me dei conta, pude apreciar a silhueta de montanhas contínuas, sem o bloqueio de elementos atmosféricos. Acreditem, eu quase fiquei ali, imóvel, no meio da garagem, mergulhado naquela “obra de arte”.

(A foto acima não é a paisagem que vi, mas uma representação conceitual bem aproximada)

Para quem não sabe, o Japão é uma ilha quase cem por cento composta por montanhas, então é possível apreciar esse tipo de vista em praticamente qualquer lugar, até mesmo da capital.

topografia-japao

Rios e riachos

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Segundo a minha perspectiva, parece que em todas as cidades – todas mesmo – existe pelo menos um rio bonito que cruza para algum lugar. Esse rio geralmente é límpido, com peixes (não pescáveis), munido de vias de pedestres e bicicletas na margem e também com as famosas árvores de cerejeira (sakura) que margeiam quase toda a beira.

Dependendo do lugar onde você anda ao lado desse rio, a impressão é de estar caminhando dentro de um parque. Há até bancos para relaxar em alguns locais.

Visualize

Agora, tente combinar cada um desses elementos, o outono, o sol, os rios, o vento, as plantações semi-bucólicas, as silhuetas das montanhas e tudo isso e mais um pouco em pinturas tradicionais do século XVII, chamadas de Ukiyo-e.

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Os poetas e artistas japoneses têm tentado expressar tudo isso e mais um pouco desde que o Japão é Japão.