Para viciados em séries: 6 doramas que te farão se apaixonar pelo Japão

Aos iniciantes: nem todo dorama é igual. Os J-dramas (Japanese dramas) possuem diferenças em relação aos dramas coreanos, taiwaneses e chineses

Misturando boas doses de comédia, drama e histórias de amor (e suas desilusões), os doramas japoneses – como são chamadas as séries e novelas televisivas nipônicas – ganham fãs por todo os lados e, já há muito tempo, começam a chamar cada vez mais a atenção de muita gente no oriente e ocidente.

Dividindo espaço com as outras séries asiáticas, os J-dramas (abreviatura para Japaneses dramas) se destacam em meio às muitas obras que, à primeira vista podem até parecer muito iguais, mas não se engane: elas não são.

J-dramas são bem diferentes – em formatos e temas – de ficções de TV como os K-drama (os dramas coreanos), TW-dramas (histórias vindas de Taiwan), C-drama (séries chinesas) e até dramas televisivos com estilo semelhante vindos da Tailândia.

Logo abaixo separamos uma lista com os 6 J-dramas para quem quer começar a assistir aos doramas e alguns pequenos trechos para aguçar sua curiosidade pela cultura japonesa. Vale lembrar que a lista é aleatória, não é feita por ordem cronológica ou por ordem de importância (não é um ranking das “melhores” ou “piores”).

Uma lista de 6 doramas para iniciantes: 

“Itazura na Kiss: Love in Tokyo” (イタズラなKiss~Love in Tokyo):

 Conta a história da jovem Kotoko (uma menina desajeitada e não muito inteligente) que se apaixona por Naoki, o menino lindo e popular do colégio.

Para melhorar ainda mais a trama principal, depois de uma reviravolta em sua vida, Kotoko acaba tendo que morar na casa de um antigo amigo de seu pai.

E, adivinha quem também mora lá?  Sim, Naoki, em carne, osso e kimono!

 

Koizora: Setsunai Koi Monogatari” (恋空―切ナイ恋物語)

A personagem Mika acaba de começar a escola secundária e deseja muito encontrar um amor verdadeiro.

Um dia, do nada ela é beijada por um rapaz chamado Hiro que, no princípio, não é bem visto pela garota que começa a pensar que ele não é uma boa pessoa. Entretanto, eles se simpatizam e resolvem sair juntos, já que ambos nitidamente se apaixonaram um pelo outro.

A partir daí, eles passam por altos e baixos, como o terrível ciúme de Saki, a ex-namorada de Hiro, mas, mesmo assim, continuam firmes e fortes no relacionamento.

https://www.youtube.com/watch?v=ocCA31e5OGY

 

“Zettai Kareshi” (絶対彼氏 完全無欠の恋人ロボット)

Riiko Izawa é uma garota sem muita sorte no amor que nunca teve um namorado e foi rejeitada por todos os garotos dos quais ela tentou se aproximar.

Quando ela devolve um celular perdido para um desconhecido e estranho empresário, recebe como agradecimento o endereço do website de sua empresa.

Riiko acaba, sem intenção, por encomendar um androide, projetado pela empresa Kronos Heaven para ser o namorado perfeito, com a intenção devolvê-lo depois do período de teste de três dias.

Mas nem tudo ocorre como ela acha que deveria ser.

“Hana Yori Dango” (花より男子)

Makino Tsukushi, personagem principal, é uma garota de uma família pobre que, apesar das dificuldades financeiras, conseguiu ser admitida em uma escola de pessoas extremamente ricas. Para que ela possa estudar, sua família passa, com orgulho, por muitas privações, na esperança de que a filha consiga conquistar um herdeiro milionário.

Nessa escola, Eitoku Gakuen, os alunos esbanjam suas vantagens financeira, porém, os que mais se destacam são um famoso grupo de quatro rapazes chamado de Flower Four, os F4 (flores no sentido de preciosos), que são os herdeiros das mais poderosas famílias do Japão. Pelo poder financeiro dos seus nomes, eles ditam as regras na escola, passando por cima até mesmo dos professores e diretores.

https://youtu.be/HDAYS7BW6g4

“Ichi rittoru no namida” (1リットルの涙)

Trata-se da história de uma garota que, mesmo tendo uma doença muito séria (degeneração espinocerebelar), resolve viver sua adolescência sem medo de ser feliz.

Ela tem um diário onde relata como se sente no dia a dia e como imagina que será seu futuro. Inicialmente, o objetivo do diário de Aya era ser una crônica de como a enfermidade estava afetando sua vida cotidiana.

Mas, a medida em que a doença avança, a história do diário se converte na saída que a garota descobre para enfrentar suas intensas lutas pessoas e a vontade de viver. Prepara-se para chorar literalmente mais que “1 litro de lágrimas” ao ver este dorama.

 

“Hana-Kimi (Hanzakari no kimitachi)” (花ざかりの君たちへ)

É a história de uma colegial japonesa chamada Mizuki Ashiya, que mora nos EUA.

Ao ver o estudante japonês Sano Izumi praticando salto em altura na televisão ela acaba achando aquilo lindo e quando Sano se machuca e para de competir ela acha que foi sua culpa e vai para o Japão estudar na mesma escola que ele para que ela possa convence-lo a voltar a praticar salto em altura, o único problema é que a escola é exclusiva para homens.

Mizuki então muda seu jeito de falar, corta o cabelo e vai para o Japão onde se torna colega de quarto de Sano e então a história começa. Dezenas de personagens interessantes, destaque para Nakatsu que come muito, é bom esportita e gosta da Mizuki e fica desesperado achando que é gay.

https://www.youtube.com/watch?v=jfxnfLSKvC4

 

Muitas histórias para ver não é? Para quem está no Brasil e não tem acesso aos canais japoneses, uma boa saída para se informar sobre as novidades são os fórum de J-drama que se espalham pela rede e o site DramaFever que exibe estes e muitos outros doramas asiáticos.

Para a surpresa de alguns, outros doramas apresentados aqui (como “Beijo Malicioso (“Itazura na Kiss: Love in Tokyo”) ou outros de fora da lista (como “Atelier” (アンダーウェア)) podem ser visualizados digitando apenas “dorama” na aba do Netflix.

À essa lista de 6 obras ainda poderíamos acrescentar mais tramas como “Suitchi Gāru!!” (スイッチガール!!); “Kimi wa Petto” (きみはペット); “Hotaru no Hikari” (ホタルノヒカリ, entre outros doramas, mas, desse jeito, a lista ficaria imensa! rs

Não concorda com a lista? Sentiu falta de algum que deveria (!) estar na lista e não consta nela? Então, comente e compartilhe com a gente a sua própria lista! Estamos ansiosos para saber.

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E para você que se interessou no assunto e quer saber mais, a seguir nós te contamos uma breve história dos doramas japoneses e como eles têm atraído a atenção de espectadores e estudiosos da ficção seriada.

A origem de muitos doramas do Japão: os mangás

De forma mais ou menos didática, para começar a entender como são feitos os doramas é preciso saber que muitos deles vêm de mangás e animes e, depois do sucesso comprovado pelo público, começam a surgir versões destas histórias no formato serial das narrativas, como “Hana Yori Dango”.

A versão em mangá de "Hana Yori Dango" inspirou a trama do dorama televisivo homônimo
A versão em mangá de “Hana Yori Dango” inspirou a trama do dorama televisivo homônimo (Divulgação/Shueisha)

Além disso, mais que um dorama, as histórias também ganham versões em filmes e até mesmo outros países, como Coreia e Tailândia, produzem suas próprias versões baseando-se na história original que veio do Japão.

Mas há também casos em que os doramas surgiram diretamente já na TV, como mostram os pesquisadores Clements e Tamamuro no livro “The Dorama Encyclopedia: a guide to Japanese TV Drama since 1953”. O exemplo mais antigo, vindo de 1940, é a primeira experiência audiovisual na NHK com “Yūgemae” (Antes do Jantar), uma trama familiar de 12 minutos, escrita por Uchei Ima e dirigida por Tomakuzu Sakamoto e Ryūji Kawaguchi.

Já o primeiro dorama, de acordo com o pesquisador Mauro Jr. Neves, da Universidade de Sofia (Tóquio), foi exibido em 1953 com o título “Sanro no fue” e ficou por 35 anos no ar. Segundo Neves, no texto “Reflecting society: TV dramas in Brazil and Japan”, a maior preocupação da maioria dos doramas pioneiros foi sempre promover um modelo para a sociedade japonesa, particularmente em relação à estrutura familiar e a posição da mulher.

Ainda sobre os aspectos sociais representados nos J-dramas, vale ler as considerações do sociólogo Yasuko Muramatsu sobre o assunto. Como mostra Timothy Craig, na obra “Japan Pop: Inside the World of Japanese Popular Culture”, Muramatsu, ainda nos anos 70, já realizava estudos relacionando os doramas e o papel das mulheres nas histórias, por exemplo.

Na atualidade e mais aperfeiçoados, com jovens atores que que viram verdadeiras estrelas quando as séries vão ao ar e o uso constante de cliiffhangers nas tramas, pode-se dizer que os doramas há um bom tempo não se restringem ao seu país de origem. Os cliffhangers destas séries são os conhecidos “ganchos” da história que sempre te prendem no fim dos episódios fazendo com que você comece a roer as unhas e tenha que esperar o próximo de maneira quase obsessiva.

Um exemplo disso é o famoso J-drama “イタズラなKiss~Love in Tokyo” (“Itazura na Kiss: Love in Tokyo”), exibido pela primeira vez em 2013, em 16 episódios, pela Fuji Television. Sucesso dentro e fora da terra do Sol Nascente, a narrativa da série veio de um mangá homônimo e muito lido em todo o Japão.

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Algumas categorias de doramas japoneses

De maneira breve, é possível apresentar os J-dramas a partir de 9 categorias que, a partir do próprio nome, já antecipam os temas, principais situações e cenários predominantes, como: o escolar; o de romance/drama; o de romance/comédia; a comédia pura; o de terror/fantasia; o de trabalho; o familiar; o de ação; e o épico.

Em muitas vezes, como é o caso de “イタズラなKiss~Love in Tokyo”, estas categorias se misturam numa mesma série de forma singular.

E foi isso, justamente as peculiaridades dos dramas japoneses, o que atraiu o interesse da pesquisadora Misaki Tanaka em sua dissertação de mestrado em Comunicação e Semiótica, desenvolvida em 2010, na PUC-SP (Pontifícia Universidade de São Paulo).

Com o título “Nijikam dorama: a ficção televisual japonesa de longa duração”, o trabalho de Tanaka apresenta, por exemplo, como o tema da morte é abordado na TV japonesa a partir dos dramas. Tanaka também é autora do “As narrativas ficcionais da televisão japonesa“.

Obra é um dos poucos livros em português que trata da especificidade dos doramas japoneses em relação às outras séries
Obra é um dos poucos livros em português que trata da especificidade dos doramas japoneses em relação às outras séries (Divulgação/Ed. Marca de Fantasia)

Com foco nos nijikam doramas japoneses, ou seja, as ficções com duração de 2h com começo, meio e fim (ao estilo de um unitário ou especial), a pesquisadora destaca – em um artigo resultado de sua dissertação – que: “Há sempre um plot relacionado com o crime e um subplot ligado a vida pessoal do personagem principal, e esse segundo possui grande influência na forma como o personagem se comporta durante a investigação”.

E há ainda os famosos tokusatsu doramas. O termo é utilizado para indicar seriados – de maior duração – de super-heróis com a presença de atores reais e que, geralmente, são voltados para um público infanto-juvenil, como destaca Bárbara França em sua monografia de conclusão de curso em Comunicação Social (UFBA), intitulada “Hana Yori Dango: o fenômeno do dorama do no Brasil”.

Entre os tokusatsu conhecidos de longa data de brasileiros, em décadas passadas, há exemplos como “Changeman”, “Jaspion” e “Ultraman”.

Séries dos anos 80, “Ultraman” e “Changeman” são exemplos de tokusatsu doramas de êxito dentro e fora do Japão (Divulgação/TBS/Asahi)

Por fim, de acordo com Bárbara França, ainda podem ser destacados os seguintes formatos que variam de acordo com o horário de exibição e tema mais abordados como: renzoku, tanpatsu, asadora, taiga dorama e yorudora.

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