Tem japonês no samba, no Carnaval de Asakusa e no pagode com cavaquinho elétrico e enquanto os brasileiros põem as mãos no sushi os japoneses põem os pés no samba.
Saiba um pouquinho mais sobre umas das misturas culturais mais estranhas, inusitadas e bacanas do planeta, resultantes da forte troca cultural entre o Brasil e Japão, onde sushi ganha cream cheese e samba ganha cavaquinho elétrico e bateria.
Ambos correm o risco de não agradar, mas é assim que cada um, a seu modo, demonstra a admiração e gosto pela cultura do outro.
Imigrantes
Essas trocas culturais tiveram início em 1809, com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil.
De lá para cá e daqui para lá, já tivemos muitos issei, nissei, sansei e as novas gerações trocando receitas, músicas e fantasias (cosplay), entre outras tantas coisas.
Hoje vemos muitos descendentes japoneses voltando às suas origens, indo ao Japão de seus bisavós para morar, trabalhar e até sambar junto com os nativos.
Como ocorre no famoso Carnaval de Asakusa, em Tóquio, um evento brasileiro em meio aos tantos festivais tradicionais e centenários do verão japonês.
Japonês no samba
Os japoneses gostam muito do samba. E samba é um produto exportação do Brasil há muitas décadas.
No entanto, o samba é também um ritmo brasileiro muito diferente dos orientais e isso, além da língua, constitui uma barreira inicial que dificulta a aprendizagem do samba pelos japoneses.
Mas, veja três casos em que a vontade de fazer música e de fazer samba, dos japoneses, foi maior do que as dificuldades:
Carnaval de Asakusa
Em agosto de 1981, estreou oficialmente o Carnaval de Asakusa, no bairro mais tradicional de Tóquio, no qual brilharam os maiores atores do país, nas cercanias do templo mais famoso da metrópole, o Senso-ji.
A cada ano a quantidade de foliões aumenta mais, chegando atualmente em torno de 5000 participantes, distribuídos entre 20 escolas de samba e um público estimado de 500 mil pessoas.
No começo os japoneses pouco entendiam da batucada, mas com o tempo, dedicação, formação de novos grupos, rodas de samba e muitos intercâmbios com os bambas do samba do Brasil, a qualidade atingiu o patamar técnico musical do samba brasileiro.
Há muitos brasileiros no samba de Asakusa e alguns fazem parte das escolas desde o início, há mais de 30 anos.
Além dos brasileiros que vivem no Japão, tem muitos feras do samba do Brasil que colaboram com os sambas-enredo e todo tipo de conhecimento, além de abrilhantar o evento, como o cantor e puxador Neguinho da Beija-flor que já fez sua aparição na avenida de Asakusa.
O Carnaval de Asakusa vive de portas abertas para a integração de várias culturas e é muito apreciado pelos japoneses e turistas da Terra do Sol Nascente. Assista a um trecho da folia em Tóquio.
Masaharu Fukuyama
Em julho do ano passado, o famoso cantor japonês Masaharu Fukuyama esteve no Brasil para gravar um episódio para uma série sobre por que o povo continua cantando, para a estatal NHK, e fez um especial sobre o samba brasileiro.
Além de Fukuyama ao passar pelo Rio de Janeiro, ele conheceu a Escola de Samba Mangueira e participou de um ensaio com mais de 4.500 pessoas. O astro finalizou as gravações no Brasil em Salvador, com os meninos do Olodum.
O resultado foi uma interessante mistura de batucada com guitarra elétrica, que o cantor adorou. E nós também!
Veja um trecho do cantor em Salvador, com a participação do dono do vídeo no Youtube, o músico Breno Gama, do Olodum.
https://www.youtube.com/watch?v=M7_vHVVwiLQ
Grupo Y-no
De tempo em tempo surge um cantor ou uma banda japonesa mandando no samba. Nem sempre o resultado é o que nós brasileiros estamos acostumados a ver.
Mas, e daí? Parece que a maioria das pessoas curtem mesmo é essa tentativa atrevida de colocar um cavaquinho elétrico e bateria no pagode, como fizeram os japoneses integrantes do Grupo Y-no, um grupo de pagode totalmente japonês.
Mesmo causando um certo estranhamento com suas frases às vezes atravessadas pelo sotaque, o Grupo Y-no conseguiu muita visibilidade, quando em 2011, lançou um pagode romântico no Youtube, chamado “Querido meu amor” no melhor estilo dos anos 90.
Por que será que os brasileiros gostaram tanto do Grupo Y-no? Será a simpatia dos jovens músicos ou foi a letra da música? Tirem suas conclusões, com o vídeo abaixo.
Desculpem, mas não posso deixar de atentar para um comentário do vídeo no Youtube que diz: “Grande Banda Sorriso Naruto”.
Para quem não entendeu o trocadilho com a famosa banda de pagode romântico dos anos 90, “Sorriso Maroto”, fica a dica.
O que acham dos japoneses no samba?