Dia 01 de maio foi comemorado o dia do trabalho no Brasil, debates sobre a reforma trabalhista estão acontecendo também.
Mundo afora, cada vez mais relatos de pessoas que morrem de tanto trabalhar (karoshi) surgem, como o caso do publicitário de uma agência famosa que acabou não resistindo a uma maratona de 72 horas em claro trabalhando.
O karoshi, termo em japonês para identificar a morte de tanto trabalhar, é caracterizado por:
- Longas jornadas de trabalho;
- Rotina repetitiva;
- Conflitos internos na empresa;
- Falta de reconhecimento;
- Insegurança por falta do empregador;
- Metas excessivas e inalcançáveis;
- Bullying;
- Acúmulo de funções;
Em um caso alguns anos atrás, uma jovem japonesa em seu primeiro ano em uma agência de porte internacional, cometeu suicídio depois de não aguentar os prazos exigidos entre um trabalho e outro.
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Quando o karoshi surgiu?
Essa cultura surgiu depois da Segunda Guerra Mundial, quando os japoneses passaram a ter uma das maiores jornadas de trabalho do mundo.
O trabalho virou propósito, pois era dele que vinham os estímulos financeiros e psicológicos, como motivação.
Problemas econômicos nos anos seguintes também agravaram o karoshi, as horas trabalhadas chegavam a 60 horas por semana e muitos gerentes e executivos morreram por conta de doenças crônicas, desenvolvidas em consequência do estresse, falta de sono e alimentação inadequada.
As maiores vítimas do karoshi começaram a ser homens e mulheres jovens, vítimas de ataque cardíaco, avc ou que se suicidaram por causa do estresse mental de trabalhar tanto.
Governo japonês reconhece
O governo japonês reconhece o problema, e inclusive, indeniza as vítimas de karoshi, para isso, a pessoa precisa ter trabalhado 160 horas extras no mês ou mais de 100 horas extras consecutivas seis meses antes.
Caso for comprovado, a família da vítima passa a ganhar dois milhões de ienes anualmente e uma indenização milionária. Desde então o número de pedidos apenas tem aumentado, segundo o ministério de trabalho japonês, chegando a mais de 2,000 pedidos por ano, mas os relatos são de cerca de 10,000 trabalhadores.
A lei foi implementada em 1970, na época eram reportados cerca de 17 casos ao ano. Desde então, o governo investe em publicidade também para combater o karoshi.
A empresa Watami foi condenada em 2016, a pagar 130 milhões de ienes de indenização a família da jovem Mina Mori, de 26 anos que se suicidou devido ao seu trabalho.
O aumento de casos iniciaram um debate sobre os direitos trabalhistas japoneses e muitas empresas passaram a limitar as horas extras trabalhadas, com aumento de benefícios para tentar contornar o problema.
A cultura japonesa do trabalho duro é um obstáculo também, no Japão dormir por exaustão é considerado honroso, pois a pessoa está se esforçando. Esse é um fator que contribui para o karoshi também.