“Ser uma folha de papel em branco”: como ser contratado para trabalhar no Japão?

Será que você saberia o que dizer em uma entrevista de emprego para trabalhar no Japão?

Saiba agora o que as empresas buscam nos candidatos que querem trabalhar neste país.

Para trabalhar no Japão

Um jovem universitário do Japão, após ser rejeitado por todas as empresas às quais havia se candidatado até então, decidiu correr o risco e agir diferente.

“Esta empresa é a única opção que me resta”, ele suplicou ao entrevistador. “Eu farei qualquer coisa!”.

Esta foi uma estratégia pouco comum, obviamente. Mas, por mais estranho que possa parecer, ele conseguiu o emprego.

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Hakushi

O site japonês Niconico News informa que o jovem da entrevista, está atualmente exercendo seu nono ano nesta empresa. Portanto, tudo indica que sua estratégia valeu a pena.

Mas a aceitação deste jovem pela empresa é tão incomum assim?

Alguns especialistas em empregabilidade do Japão argumentam que, para muitas empresas, o recruta-graduado ideal é um “hakushi”.

Hakushi pode ser entendido como uma página em branco, na qual a empresa pode fazer o que quiser.

Quando as empresas do Japão selecionam novos recrutas, a vontade geral de aprender é mais valorizada mais do que a experiência anterior.

O processo de busca de emprego, que a grande maioria dos estudantes universitários japoneses participam é conhecido como “shūkatsu” (de “shūshoku katsudou” 就職 活動).

Ao contrário de muitos outros países, onde os estudantes esperam até o último ano ou depois de se formarem para procurar trabalho, os estudantes japoneses participam de um processo rígido que começa em seu terceiro ano de universidade.

Este programa inclui estágios, treinamentos e entrevistas.

No início ou no meio do quarto ano, a maioria dos alunos já foram contratados para o cargo que irão ocupar no dia 1 de abril do ano seguinte.

Os alunos vivem sob uma forte pressão para terem sucesso e ingressarem em uma empresa.

Como as empresas preferem os recém-formados, aqueles que não conseguem encontrar trabalho durante o período do shūkatsu encontram cada vez mais dificuldade em serem contratados.

Encontrar um emprego fora do período da universidade já não dá mais garantia de emprego para a vida toda.

Folha em branco

Portanto, esta pressão para garantir um trabalho logo leva alguns alunos ao desespero e ao sentimento de que devem assumir qualquer trabalho, em qualquer empresa.

Neste contexto portanto, ter uma área de interesse especializada pode, realmente, ser visto como inflexibilidade.

Yoku Date, um empresário e acadêmico que escreve sobre trabalhar no Japão e empregabilidade, explica o seguinte:

“Em comparação a um candidato que fala sobre suas experiências e habilidades em termos específicos, aquele que simplesmente mostra vontade de aceitar e aprender a forma da empresa trabalhar, estará fornecendo a “folha em branco” que os empregadores estão procurando.

Para começa a trabalhar no Japão logo após se formar, Date argumenta que os candidatos devem traçar uma linha entre sua experiência universitária os desafios do mundo do trabalho.

Nem sempre isso funciona

Mas, enquanto que alguns empregadores recebem com entusiasmo aqueles com uma atitude do “eu farei qualquer coisa”, outros sentem que só isso não basta.

Nobuhiro Kawaharasaki, CEO da web startup Logmi, diz que estas declarações do candidato podem demostrar uma falta de conteúdo:

“Quando um candidato diz “Vou fazer qualquer coisa!” ou “Eu daria qualquer coisa!”, pode indicar que entrar na empresa tornou-se seu único objetivo.

No lugar disso, ele busca um candidato que pode trabalhar com a intenção de levar a empresa para novas direções depois de ser contratado.

Seu foco, Kawaharasaki explica, está em o que o candidato fará depois que entrar para a empresa, não apenas em seu objetivo de encontrar um trabalho.

Esta abordagem é particularmente relevante para startups, cujo sucesso depende da inovação e de assumir riscos com inteligência.

Dos estudantes japoneses que se formam na primavera, 93,9% vão direto para o emprego, assumindo seu trabalho em 1 de abril.

Entretanto, esse número não inclui os estudantes que frequentaram cursos de mestrado ou que estão repetindo seu último ano e que não receberam qualquer oferta de emprego.

Quando esses estudantes são considerados, a taxa cai para 66%. O estresse do processo shūkatsu, entretanto, cobra seu preço para os jovens que querem trabalhar no Japão.

Mas o sistema não mostra qualquer sinal de mudança prevista.

No entanto se informar e planejar a carreira é a melhor direção para quem que começar a trabalhar no Japão, vocês compreenderam?

Fontes: Niconico News, Kawapara, Diamond Online