Aokigahara: A “floresta dos suicídios” do Japão

A Floresta Aokigahara tornou-se um dos destinos mais populares do mundo para cometer suicídio.

Em parte, essa reputação decorre de representações populares, como o recente filme de terror The Forest, protagonizado por Natalie Dormer, como a irmã procurando por seu gêmeo nesta paisagem montanhosa.

No entanto, essa fama começou com sua reputação, em todo o Japão, como o local ideal para as tendências suicidas.

Mais importante ainda, há uma longa história de mortes nesta floresta estranhamente situada na base do Monte Fuji, uma história que ganhou mais fama do que o filme para cinema.

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Aokigahara

A placa na entrada diz: “Sua vida é um presente precioso de seus pais. Pense neles e no resto de sua família. Você não precisa sofrer sozinho”. Abaixo está o número de uma linha direta para suicidas.

Dispersos pela área existem telefones ligados às linhas de ajuda, de graça.

Acredita-se que o primeiro suicídio na floresta tenha sido o de um monge budista que entrou na floresta para se purificar e morreu de fome.

Outros monges seguiram o exemplo e assim nasceu um destino para a morte.

Há, supostamente, lugares na floresta densa, onde os raios de sol não alcançam o chão e o vento não pode passar, deixando o lugar muito calmo e muito quieto.

O nome de “Mar das Árvores” vem da observação do vento movendo o topo das árvores. Não há animais.

Acredita-se que os depósitos de ferro no solo vulcânico da área provoca o mal funcionamento das bússolas e a imprecisão do GPS, deixando até mesmo os caminhantes experientes perdidos e confusos.

É amplamente acreditado que na área era praticado um costume chamado ubasute, onde parentes idosos eram levados e deixados para morrer (após as guerras, tais táticas foram reservadas para tempos drásticos, quando não havia comida suficiente, e a geração mais nova teve que ter prioridade) e que suas almas agora assombram as árvores e os visitantes da floresta.

Pensa-se também que o Tengu, demônios semelhantes a pássaros, assombram o lugar; Alguns alegaram ter visto seres brancos fantasmagóricos deslizarem entre as árvores.

Os sobreviventes disseram que Aokigahara tira as pessoas da direção, embora isso possa ser resultado da estranha topografia da área.

Em última análise, o lugar parece de fato assustador.

Mar das Árvores

Outra causa para o aumento dos suicídios no Mar das Árvores pode estar na palavra escrita: Kuroi Jukai ( traduz-se para “Mar das Árvores”) que é uma novela de 1960, de Seichō Matsumoto, na qual um casal de jovens amantes tira suas vidas na floresta.

Em 1993, Wataru Tsurumi escreveu um guia para quem procura matar-se, The Complete Suicide Manual (Manual Suicida Completo).

Neste manual, o autor elogia a forca (o método mais comum que os que perecem entre o Mar de Árvores empregam) como uma “obra de arte” e chamou Aokigahara de o lugar ideal para morrer, dizendo que será impossível de encontrar seu corpo e “Você se tornará uma pessoa desaparecida, desaparecendo lentamente da memória das pessoas”.

Documentário

Em última análise, porém, não há uma razão para a floresta desencadear tantos suicídios. Em um documentário do site VICE (aviso: conteúdo muito impressionante), um geólogo chamado Azusa Hayano, que estuda a floresta, diz que não existe explicação, mesmo depois de encontrar, em suas estimativas, 100 corpos ao longo de duas décadas.

Os itens pessoais deixados para trás, que vão desde cartas de suicídio e acampamentos abandonados, até marcadores de trilha, podem apontar para o que uma pessoa estava pensando.

A floresta é marcada por fitas, na intenção de que as pessoas que entram na floresta para dar fim à sua vida possam mudar de ideia e sair facilmente dela, e estão em toda parte da floresta.

“Na maioria dos casos, se você seguir a fita, encontra algo no final”, afirma Hayano de forma natural.

Hayano tenta ajudar os vivos que encontra em Aokigahara, e ele não está sozinho.

Um dos últimos lugares que se pode parar, antes de entrar na floresta, é um pequeno centro comercial perto da entrada principal, onde os funcionários ficaram tão sintonizados com o movimento dos suicidas que começaram a alertar a polícia.

“Eles são fáceis de detectar”, disse o caixa Kazuaki Amano, “Eles vagam por um tempo antes de começar a trilha e são cuidadosos para não fazerem contato visual com ninguém”.

A maioria dos suicidas são homens entre vinte e quarenta anos de idade.

Cultura do suicídio no Japão

Dentro da cultura japonesa, os valores associados ao suicídio samurai, ou seppuku, e até mesmo dos pilotos kamikaze levaram a uma associação entre o ato contra a própria vida e o senso de honra.

Para muitos, tirar a própria vida é a única maneira de assumir a responsabilidade por suas ações.

Os esforços atuais dificilmente ajudam nestes assuntos. As taxas de suicídio no Japão aumentaram 15% após a crise financeira global de 2008.

Guardiões da floresta

Embora os números de suicídios tenham diminuído, eles permaneceram relativamente altos. Os guardiões da floresta organizam pesquisas regulares para tentar convencer as pessoas a não tirar suas vidas, incluindo uma tenda de ajuda ou as fitas usadas para ajudar as pessoas a sairem da floresta.

Eles também estão por perto para ajudar, porque os telefones celulares e os sistemas de GPS não funcionam corretamente.

No entanto, o foco dos guardiões geralmente é coletar os corpos dos falecidos. Quando um cadáver é recuperado, eles tomam as precauções contra a criação de outro espírito yurei, mantendo o corpo em um quarto para isso, apenas fora da floresta. De acordo com a crença popular.

Outras precauções incluem câmeras de segurança nas entradas e as placas. Infelizmente, o estigma dos problemas de saúde mental no Japão não parecem fáceis de irem embora e Aokigahara, provavelmente, permanecerá por mais tempo como um local mórbido na memória do que o filme The Forest.

Um fato triste para todos pensarem, não é mesmo?

Fontes: Fusion/ TheLineUp