Em setembro de 2017, o primeiro ministro japonês Shinzo Abe dissolveu o baixo parlamento do país e anunciou eleições gerais no Japão em outubro.
Em meio a escalada das tensões na península coreana e uma possível ameaça da Coreia do Norte, Shinzo Abe esperava obter maioria do parlamento e revisar a constituição pacifista japonesa.
Ameaças da Coreia do Norte
Não há consenso entre os especialistas em segurança e defesa. As opiniões estão bem divididas. A maioria crê que o Japão possa estar na mira de mísseis norte coreanos.
Há os que ponderam e não acreditam que o país tenha como objetivo atacar o território japonês. Os incidentes dos testes com mísseis no mar do Japão não indicariam agressividade direta, mas sim aos Estados Unidos.
Para esse grupo de especialistas, o objetivo da Coreia do Norte é fortalecer-se militarmente para não encontrar o mesmo fim do Iraque, Síria e Líbia.
O histórico entre Coreia do Norte e EUA
A guerra da Coreia (1950 – 1953) foi encabeçada pelos EUA para conter a guerra civil no país. Os conflitos causaram 3,5 milhões de mortes, enorme destruição, além dos incontáveis presos em campos de concentração.
Com o Paralelo 38º a Coreia foi dividida e o Armistício de Pan-mujon encerrou os combates militares. Porém, criou-se uma zona desmilitarizada na fronteira dos então recentes países.
Após o armistício, os EUA fixaram forças militares na Coreia do Sul. Essa medida foi similar a tomada no fim da Segunda Guerra Mundial quando os EUA estacionaram forças militares no Japão.
Basicamente, um armistício significa um cessar fogo. Porém não transmite nenhuma segurança e existe a possibilidade da Coreia do Norte ser violada unilateralmente.
Isso pode acontecer e ainda estar de acordo com os princípios e leis internacionais, uma vez que, EUA e Coreia do Norte, não assinaram um tratado de paz.
Seus outros dois vizinhos, China e Rússia, apesar de parceiros comerciais, não tem a menor intenção em ver uma guerra em suas fronteiras ou mudanças no regime norte coreano.
Tanto China quanto Rússia pedem moderação e a resolução do problema pelo viés diplomático, um contraponto a política externa adotada pelo governo Donald Trump.
As eleições no Japão
As eleições no Japão ocorreram no dia 22 de outubro de 2017 e garantiu a vitória do primeiro ministro Shinzo Abe. O próximo passo será colocar a revisão da constituição pacifista japonesa em caráter de urgência.
Em pesquisa realizada pelo jornal Asahi revela que 51% dos japoneses não gostariam que Abe continuasse no poder, porém a falta de opção foi decisória.
Resultados
O Partido Liberal Democrático de Shinzo Abe obteve 284 cadeiras em um total de 465. Komeito parceiro de coalizão obteve 29.
O partido Democrata Constitucional obteve 55 cadeiras, o Partido da Esperança perdeu 7 cadeiras e elegeu 50. O Partido Comunista elegeu 12, Nippon Ishin no Kai 11, Partido Social Democrático 2 e Independentes 22.
Aos 65 anos, Maki Mitome diz sentir medo de que os conservadores de seu país retornem ao passado militarista do Japão.
Ao relembrar da sangrenta história japonesa entre os anos 30 e 40, Mitome afirma: “Nós não usamos nosso poder militar para nos proteger, usamos o poder militar para invadir outros países, sempre.”
Apesar de obter a maioria no baixo parlamento, para a revisão da constituição ser aprovada, precisa ter pelo menos dois terços da Câmara Baixa e Alta. O projeto ainda precisará passar por um plebiscito.
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A constituição pacifista do Japão tem um valor simbólico gigantesco para os japoneses. Dificilmente o povo aceitará modificações drásticas ou que levem o país a uma guerra.
O professor de ciências políticas Koichi Nakano, afirma que Shinzo Abe utilizou da ameaça norte coreana para se estabelecer como líder e reforçar seu poder.
Koichi também aponta que os lançamentos de mísseis norte coreanos no mar do Japão resgataram o primeiro ministro Shinzo Abe dos escândalos de tráfico de influência.
Agora, caberá o debate sereno e sensato o papel das forças armadas em um país que renunciou o uso da violência.