O aborto é um assunto delicado por aqui, com ele criam-se debates e argumentos fervorosos a favor ou contra, sabemos disso. Porém, o objetivo não será esse, mas conhecermos um pouco sobre como é o aborto no Japão.
Ele é legalizado desde 1948, mas já foi considerado crime. Segundo estatísticas conduzidas por pesquisa encomendada pela Jhonson, foram reportados mais de 180,000 abortos entre mulheres de 15 a 39 anos em 2015.
Histórico da legalização do aborto no Japão
O aborto no Japão foi considerado crime a partir de 1880, a medida resultou em um aumento significativo de casos de infanticídio.
O índice de natalidade do país era consideravelmente alto naquela época, porém, após a segunda guerra mundial, a superpopulação foi considerada uma ameaça ao desenvolvimento econômico. Então, em 1948 o aborto foi oficialmente legalizado.
Porém, esse não foi o único motivo da liberação, os médicos japoneses pressionaram o governo, pois, os abortos eram uma excelente fonte de renda. A aceitação do aborto na sociedade japonesa veio pouco depois da aprovação.
Nos anos seguintes, mulheres do mundo inteiro foram ao Japão para realizar o procedimento já que era o primeiro país industrializado do mundo a oferecer esse tipo de serviço. Essa forma de turismo contribuiu para a normalização do aborto no país.
Quem são as mulheres japonesas que realizam o procedimento
Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde revelou que a solicitação é maior ente mulheres que nao estão em um relacionamento ou por causa de problemas financeiros. A maior parte tem entre 20 a 24 anos, mas existem também mulheres de 40 anos ou mais.
Mais de 30% faz o procedimentos várias vezes. Pela lei, um aborto no Japão só pode ser realizado com o consentimento da mulher e do parceiro por escrito, porém, na prática, o consentimento do homem é dispensável por diversas razões.
Por exemplo, mulheres que possuem parceiros doentes fisicamente ou com doenças mentais hereditárias. Também é permitido em caso de estupro, risco a vida da mulher ou não ter condições financeiras para cuidar da criança.
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No Japão, existem clínicas especializadas e designadas que fazem o procedimento. Ele não é coberto pelo plano de saúde e seus custos devem arcados.
O custo médio é de 100,000 a 200,000 ienes para gravidez de até doze semanas na região de Kanto. Em outras pode variar, de acordo com o hospital.
Com 22 semanas, nenhuma clínica aceita fazer o procedimento devido aos riscos altos para a mulher.
Conflito religioso
O Japão é um país tradicionalista e conservador ainda, o budismo e o shintô são as religiões mais praticadas. Por causa disso, é comum ver em templos pessoas que buscam o perdão por ter abortado.
As estátuas mizuko jizo são usadas para representar os pequenos fetos. um jovem casal relatou ao New York Times, que eles se sentiam culpados. A decisão veio porque eles não eram casados.
Uma outra mulher de meia idade contou que ia ao templo rezar pela alma do seu feto há cerca de dez anos. Assim como um médico de uma clínica de aborto, que ia fazer uma purificação e rezar regularmente.
Muitos fazem o mesmo, pessoas que trabalham em clínicas seguem ritos reiligosos em busca do perdão e aceitação.
Negócio lucrativo
Com a legalização, muitos estrangeiros buscam ir ao Japão fazer o procedimento. Nos Estados Unidos empresas oferecem a viagem. Por um preço fixo, a mulher poderia obter o aborto legalizado, viagem e hospedagem de quatro dias no país por cerca de U$ 8,000.
Debates
Atualmente, o aborto no Japão é usado como um método contraceptivo e isso causa debates.
Segundo a reportagem do New York Times, a maioria conta que os maridos não gostam de usar camisinha, para não desagradar, preferem abortar depois, já que o uso de pílula não é popular no Japão.
O país apenas liberou a entrada da pílula anticoncepcional em 2000, quarenta anos depois dos outros países. Além disso, a aceitação é de menos de 1% das japonesas. Muitas acham invasivo tomar hormônios por medo dos efeitos colaterais.
Deu para perceber que o Japão enfrenta debates sobre o aborto um pouco diferentes em comparação com o Brasil. Cerca de 80% da população japonesa não vê problemas e aceita o procedimento.
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