Com a atual repercussão de que os números de natalidade no Japão diminuíram mais, o papel da mulher na sociedade japonesa patricarcal fica cada vez mais definido. A decisão de muitas decidirem não casar e ter filhos é alvo da mídia e da política de maneira negativa.
Comentário causou debate
Um dos integrantes do partido liberal democrata (LDP) japonês está sendo acusado de ser sexista, depois de dizer que mulheres jovens deveriam ter mais filhos para não serem consideradas peso morto para o estado.
Kanji Kato ainda disse que as mulheres deveriam ter ao menos três filhos. Após a repercussão na mídia internacional, Kato se desculpou. Porém, o pensamento desse político pode refletir o que a sociedade pode pensar em sua maioria.
A culpa é da mulher?
Já falamos aqui que o Japão sofreu o 37 ano de queda da natalidade e com isso cada vez mais a responsabilidade desse problema cai sob os ombros das mulheres japonesas.
Problemas
Afinal, a culpa é toda da mulher por optar não ter filhos? O que está por trás de todos esses dados? O que está sendo feito? Como é o ambiente de trabalho para a mulher? São questionamentos que não são amplamente discutidos.
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Apesar de Shinzo Abe incentivar a entrada das mulheres no mercado de trabalho com o seu Womenomics, pouco se fez para evitar assédio maternidade no ambiente de trabalho ou machismo por parte dos colegas de profissão.
O país tem uma política de trabalho em que o tempo de experiência e a hierarquia são muito importantes dentro de uma empresa. Será difícil ver uma jovem de 20 e tantos poucos anos ocupar cargos de liderança em empresas.
Com isso, o Japão que detém uma das populações que mais envelhecem no mundo, ainda tem na ativa trabalhadores que defendem o velho estilo patricarcal de se criar famílias. Onde a responsabilidade da criação dos filhos fica com a mulher. Porém, temos que ter cuidado para não generalizar.
Além disso, ambiente é hostil para funcionárias que ficam grávidas e ocorre assédio para que elas peçam demissão e percam seus direitos trabalhistas. Muitas são silenciadas e não falam por medo e são repreendidas. Isso acontece no Brasil também.
Com um filho, a mulher jovem sente ainda mais dificuldade em retornar ao mercado de trabalho. Seu sonho de construir uma carreira fica para trás. Aliás, não são apenas as mulheres que sofrem, pais solteiros passam por discriminação no Japão também.
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Além disso, existe a falta de creches disponíveis. Muitas mães anseiam por voltar ao mercado de trabalho, mas são impedidas por não acharem uma vaga nas creches.
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O discurso de Kanji Kato, 72 anos de idade, foi divulgado pelo periódico Asahi Shimbun e reflete o pensamento de muitos, infelizmente.
O que vocês pensam sobre assunto ou sobre o discurso do político japonês?