Um samurai que recusa usar a violência e matar no final do século XIX, levou um tom pacifista para o festival de Veneza 2018. O filme do cineasta Shinya Tsukamoto, Zan, foi aplaudido.
Zan
Shinya Tsukamoto e seu filme Zan foram aplaudidos no festival. O equilíbrio entre as cenas de lutas e o desenvolvimento da história foram elogiados pela crítica.
O ronin Mokunoshin Tsuzuki (Sosuke Ikematsu), prega um tom pacifista e ao mesmo tempo ajuda uma vila de fazendeiros que plantam arroz.
Ele ensina o jovem Ishisuke (Ryusei Maeda) a lutar com espadas de madeira e sonha em se tornar samurai.
Sua irmã Yu (Yu Aoi) sentirá uma conexão com Mokunoshin e ao mesmo tempo ficará preocupada com as escolhas de Ishisuke.
Um samurai mais velho recruta Mokunoshin e Ishisuke para viajarem a Edo e Kyoto. Mas os planos são interrompidos quando Mokunoshin fica doente e a vila é atacada.
Além disso, Mokunoshin se vê em um embate por não acreditar na violência e presenciar cenas de atrocidades feitas por Sezamon Genda (Tatsuya Nakamura). O filme tem cenas fortes, confira o teaser.
Apelo a paz
Apesar da violência do filme, durante entrevista, Tsukamoto disse que o filme é um apelo aos prantos a paz.
“O ato de matar durante o período Edo era considerado algo normal. Encontrei muitas conexões com nossa era, onde mais e mais pessoas acreditam que a violência seja a resposta.” disse Shinya.
E continuou “Me pergunto como um jovem de hoje reagiria naquele período, se seria capaz de tirar uma vida sem hesitar. Por isso criei um samurai que se recusa a matar.”
Estereótipos
Apesar dos estereótipos dos samurais baseados no cinema, a classe guerreira do Japão era mais complexa.
Nem todo samurai foi virtuoso e nem todo ronin foi desvirtuado. Havia também os goushi, samurais de baixa classe que também cuidavam da agricultura de seus suseranos.
Os goushi, mesmo possuindo alguns privilégios da classe guerreira, estavam abaixo dos bushi. Porém, acima do camponês comum. A melhor comparação é a de um fidalgo rural.
Mesmo em um período marcado pela violência, também era possível encontrar guerreiros comprometidos com a paz.
Muitos tratados militares milenares contam que se um comandante militar não possuir compaixão por todas as coisas vivas, não terá êxito ao comandar sua tropa.
O próprio Sun Tzu, gênio militar e autor do primeiro tratado militar da história, considerava guerras de exércitos lamentável e imoral, mesmo que inevitável.
Seu conceito de vitória suprema, o Tao da vitória, é vencer sem lutar, preservando as cidades e seus habitantes.
O filme é um retrato nem sempre tão famoso de muitos guerreiros que foram esquecidos ou alterados pela indústria do cinema.
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