O Japão é o único país desenvolvido do mundo com poucos estrangeiros em suas terras. Afinal, os imigrantes representam cerca de 2% da população, mas parte dessa minoria enfrenta situações difíceis nos centros de imigração ilegal.
De acordo com o Ministério da Justiça do Japão, até julho de 2018, 1309 estrangeiros com documentos ilegais estavam detidos nesses centros. Ainda segundo o relatório, o aumento foi de 31% em comparação com outubro de 2013.
Problemas
Apesar do baixo índice, algumas irregularidades nas detenções foram detectadas por advogados japoneses e por comitês da ONU.
Segundo o Japan Today críticas foram feitas pelo advogado Koichi Kodama. Especialista em questões imigratórias, ele conta que certas instituições desafiam as leis japonesas.
“Quando você prende uma pessoa que viveu a vida inteira em bairros e na sociedade japonesa apenas por causa de documentos ilegais, vai contra o Controle de Imigração e até mesmo do Reconhecimento da Condição de Refugiados”, afirmou.
Porém é importante ressaltar que antes de deter alguém, a pessoa recebe diversos avisos do governo para regularizar sua situação no país.
A principal discussão é sobre o tempo de detenção. Na maioria dos países, um imigrante só pode ser detido por até seis meses.
Na França, país que enfrenta uma grande crise humanitária, por exemplo, o tempo de detenção é de 45 a no máximo 90 dias.
Já no japão, 54% dos detidos (709 estrangeiros) estão em instalações reclusivas por um período maior do que seis meses.
Não é cidadão japonês
Pessoas como Jaramillo Jonathan de 22 anos, filho de colombianos ilegais, nasceu e passou a vida inteira no Japão. Ele é um dos candidatos a deportação, mas o jovem não sabe falar outro idioma senão o japonês.
Embora seus pais sejam colombianos, não há nenhuma identificação cultural ou social com a Colômbia em sua vida. Para além, alguns países se recusam a aceitar ou repatriar um cidadão em situação ilegal em outro país, com isso, o tempo de detenção aumenta.
De acordo com Jonathan que sofre de ansiedade e insônia, a única coisa em seu poder é esperar que sua situação melhore. “Não há nada para fazer além de comer e dormir”, afirmou
Mesmo sendo qualificado para trabalhar com materiais contaminados, ele pode acabar indo para “seu país de origem” mesmo sem saber como se comunicar.
Foi enganada
Segundo o New York Times, Liu Hongmei trabalhava na China em condições precárias. Por isso, se mudou para o Japão para trabalhar em uma fábrica.
Hongmei foi em busca de melhores oportunidades para ajudar sua família financeiramente para ganhar U$ 430 por mês.
Endividada por ter gasto U$ 7,000 para conseguir o visa de trainee, ao chegar se deparou com condições precárias e pagamento menor do que o prometido.
Com a recusa do “emprego”, Liu foi para um dos centros de detenção de imigração ilegal no Japão. Afinal, é quase impossível trocar o visa de trainee, além dele ficar ligado com a empresa contratante.
Trainee?
Assim como acontece em outros países, algumas empresas acabam tirando vantagens dos status de estagiários e trainees.
Algumas colocam esse tipo de vaga para economizar (pagar menos) e preencher vagas que os japoneses não querem. Funções braçais, colher frutas, empacotar, lavar roupas de cama de asilos ou lavar louças.
Trabalhou sem descanso
Uma mulher vietnamita, de 32 anos, Tham Thi Nhung trabalhava das 8hs às 22hs empacotando roupas em uma fábrica na região industrial de Aichi.
Lá foi maltratada e quase não tinha descanso. Recebeu um dia de folga apenas após quatro meses, além de receber menos que o combinado.
Depois de reclamar junto com outras funcionárias foi mandada embora e foi parar no centro de imigração ilegal.
Além destes exemplos, ainda existem estudantes em situação ilegal, refugiados e alguns brasileiros. Porém, a maioria dos residentes são da China, Vietnã, Filipinas e Camboja.
Gostou do artigo? Inscreva-se em nossa Newsletter.
Fontes: Japan Today, The New York Times, Ministério da Justiça japonesa e BBC.
Leia também