Yonsei, a 4ª geração de descendentes, não demonstra interesse em morar no Japão (até agora)

Nos primeiros três meses desde que as aplicações foram abertas para a vinda dos yonseis ao Japão, nenhum brasileiro yonsei apareceu no consulado para obter o visto.

Sem interesse?

Relacionamento no Japão

A abertura de aplicações para obter o visto acontecem desde de julho 2018. Porém, segundo comunicados oficiais até outubro ninguém aderiu.

O programa abre a possibilidade de vistos de longa permanência para yonseis de 18 a 30 anos de idade, porém existem uma série de restrições.

Para ter acesso ao programa o candidato precisa ter noções básicas do idioma (N4) comprovados pelo teste de proficiência.

Além disso, o visto não permite levar familiares e as opções de trabalho são limitadas (5 anos) e específicas, com apenas alguns tipos de trabalho disponíveis.

A renovação acontece ano após ano e os níveis de proficiência devem ser melhorados ao longo do tempo.

Inicialmente o governo determinou que o Japão receberia quatro mil yonseis brasileiros por ano, essa era a expectativa.

Motivos?

Apesar de muitos descendentes de japoneses adorarem o Japão e toda a sua cultura, ter que viajar, viver sozinho e longe da família não é uma opção para a maioria.

Além disso, as restrições de trabalho no país também não atraíram os brasileiros descendentes. Aliás, a mão de obra brasileira nas montadoras e construções civil também reduziram significativamente nesses últimos tempos.

Mesmo com promessas do governo japonês em não considerar os yonsei como estrangeiros, a diferença cultural entre os dois países ainda é muito grande.

Organizações de descendentes de japoneses no Brasil denunciam que muitos são considerados mão de obra temporária e não como compatriotas. Essa é a maior causa de reclamações.

Ao contrário do que acontece com os nisseis e sanseis, alguns benefícios ficaram de fora para os yonseis e que fez muita diferença.

Certa parcela chega a afirmar que os yonseis estão sendo tratados como obra de mão barata e pouco qualificada. Tudo para suprir a falta de trabalhadores, mas por tempo limitado.

O descontentamento fica claro, já que os descendentes da segunda e terceira geração não tem restrições quanto ao trabalho, além da renovação do visto ser bem menos criteriosa.


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Mudanças?

Porém, o presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e Serviço Social, Harumi Goya, em relato ao periódico Japan Today, considera a iniciativa interessante. Porém com níveis de exigência muito alto.

“Nas condições atuais, acho muito difícil que os jovens da quarta geração queiram aderir ao programa”, afirmou Goya.

O parlamentar Mikio Shimoji e autor do projeto também se manifestou. Ele afirma que já é um grande passo conceder em partes as mesmas condições para os yonseis.

O político também acredita que a restrição aos familiares em breve será revogada.

“Conforme o residente se estabelecer no país em questões de moradia e estabilidade financeira, por exemplo, será possível receber suas famílias no Japão”, disse Shimoji.

E prosseguiu: “Eu acredito que em um futuro breve o programa passará por reformas”.

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Fontes: Japan Today, Japan Times, Kyodo News.