Provavelmente você já deve ter ouvido em algum filme ou na televisão que não existem crimes perfeitos, porém, alguns não solucionados mais famosos do Japão dizem o contrário.
Embora o país tenha um dos índices de violência e crimes mais baixos do mundo, sempre aparecem alguns casos bizarros e sem explicações nos noticiários e jornais japoneses.
Alguns casos históricos se tornaram objeto de todos os tipos de teorias já que as investigações policiais não chegaram a nenhuma conclusão.
Confira os casos mais misteriosos que ainda mexem com o imaginário da sociedade japonesa.
O Incidente de Omi-ya
Sakamoto Ryoma é considerado uma das personalidades mais importantes do Japão e muitas vezes retratado como um verdadeiro herói do país.
Afinal, de acordo com a história japonesa ele foi responsável por intermediar um acordo de paz entre as províncias de Satsuma e Choshu.
Com o acordo firmado entre as duas províncias guerreiras, o período do shogunato havia chegado ao fim.
Conforme sua popularidade e autoridade cresciam no Japão, diversos inimigos remanescentes do shogunatos também foram surgindo.
Ainda que sua participação no processo de restauração do poder imperial tenha sido vital, ele não teve tempo para aproveitar e vislumbrar sua conquista.
Apenas um mês após a restauração Meiji, Sakamoto Ryoma foi assassinado junto com seu guarda costas, Tokichi Yamada e seu amigo Nakaoka Shintaro.
Em 10 de dezembro de 1867, um grupo de homens invadiu o restaurante e pousada Omi-ya em Kyoto e assassinaram o guarda costa, depois atacaram Ryoma e seu amigo Shintaro.
Yamada não resistiu aos ferimentos e morreu na hora, Sakamoto faleceu no dia seguinte e Shintaro dois dias depois.
Após ser socorrido, Shintaro foi capaz de contar o que aconteceu, mas não conseguiu identificar nenhum dos agressores.
Poucos meses após o ataque em Omi-ya, Kondo Isami, lider da força policial do shogunato (Shinsengumi) foi condenado e executado.
Porém, em 1870 outro membro da força policial Mimawarigumi (força rival a Shinsengumi) afirmou ter sido o autor dos assassinatos em Kyoto.
Mas ainda que um homem tenha sido executado e outro surgiu se declarando culpado, a realidade é que nunca se soube a verdadeira identidade dos agressor.
Até hoje o Incidente de Omi-ya é um assunto controverso e debatido por historiadores e especialistas em história japonesa.
O roubo de 300 milhões de ienes
Esse já foi considerado o maior roubo a banco da história do Japão, é um crime não resolvido. Mais de 110,000 suspeitos foram investigados, dois policiais morreram de karoshi e o crime expirou em 1975.
Em uma manhã chuvosa, um homem vestido de policial enganou funcionários de um banco que estavam prestes a descarregar 300 milhões de ienes. O dinheiro era a bonificação dos trabalhadores da Toshiba.
Semanas antes, cartas com ameças estavam chegando para o gerente do banco Nihon Shintaku. Todo mundo sabia das ameaças e quando o ladrão disfarçado de policial disse que a casa do gerente tinha sido explodida e que o carro tinha dinamite, pareceu crível.
Ele foi até a parte traseira e e acendeu um flare, com a fumaça subindo, ele gritou para que os funcionários se protegessem. Assim que eles saíram, ele sentou no banco do motorista e fugiu com o dinheiro.
Ele cobriu seus rastros e abandonou o veículo vazio e 150 evidências no local que não levaram a nada.
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O caso de Teigin
Em 26 de janeiro de 1948, um homen entrou no Teikoku Bank alegando ser o Dr. Shingeru Matsui, um infectologista que fora enviado pela ocupação americana.
Apresentando um cartão de visitas e dizendo que precisava lidar com casos de desenteria que estava rondando a região, o suposto médico deu um “antidoto” para 16 pessoas que estavam presentes naquele fim de tarde.
Após ingerirem o líquido, 12 das 16 pessoas morreram e o bandido roubou 160 mil ienes. Além disso, uma das coisas que mais chamaram a atenção das autoridades foi ele ter deixado para trás 180 mil ienes.
Procurado pela polícia, o verdadeiro médico tinha um álibi incontestável. Então, as investigações apontaram para um homem que recebeu o cartão um mês antes do ocorrido, Sadamichi Hirasawa.
Questionado pela autoridades sobre o cartão de visitas, o artista afirmou que havia perdido. Mesmo assim ele foi levado como suspeito e confessou o crime semanas depois.
Porém, a defesa de Sadamichi Harasawa alegou que seu cliente sofria de amnésia e psicose de Korsakoff, resultado dos interrogatórios e torturas sofridas pelas autoridades policiais.
Harasawa ficou no corredor da morte por 32 anos até falecer de pneumonia em 1987 aos 95 anos de idade.
Durante esse período, nenhum ministro da justiça assinou sua sentença de morte pela falta de evidências sobre a culpa do artista.
De acordo com David Peace, autor do livro Occupied City, Harasawa foi na verdade um bode expiatório.
Em suas pesquisas, David afirma que o caso foi para proteger a Unidade 731, uma divisão secreta do Japão de pesquisas de armas químicas e biológicas.
Segundo seu trabalho, a unidade recebeu imunidade de operação no Japão com a condição de troca de dados coletados nas experiências humanas.
O autor do livro tinha a esperança de esclarecer o caso e libertar quem ele afirmou ter certeza da inocência, mas não conseguiu.
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