A revolta de Shinjuku aconteceu há 50 anos e ainda marca a história do Japão. Os protestos foram marcados pela violência e as poucas imagens e fotos existem daquela época.
Revolta de Shinjuku
Entre 1967 e 1969, ocorreram uma série de protestos envolvendo movimentos de estudantes universitários. Aos poucos, os conflitos foram aumentando até acabar na grande revolta da estação de Shinjuku.
A revolta ficou conhecida como Revolução global de 1968, despertando protestos ao redor do mundo pela luta dos direitos civis.
Nos Estados Unidos, houve o protesto contra a guerra do Vietnam, na China, uma revolução cultural, na Alemanha e França, os estudantes foram para as ruas também.
Na época, a industrialização tomava conta rapidamente e o ocidente começava a influenciar os japoneses. Isso causou um crescimento econômico muito rápido que desencadeou problemas sociais.
Longo caminho para a revolta
Tudo começou em 1960, quando um movimento apareceu protestando contra a ratificação dos Estados Unidos e Japão em relação a segurança (Anpo).
O acordo permitia que os Estados Unidos mantesse suas bases militares no Japão e os autorizava a intervir em casos de problemas domésticos.
Então, ex membros do Partido Comunista Japonês (JCP) se reuniram e tomaram o controle do movimento estudantil Zengakuren.
Eles tentaram impedir a ratificação, mas não conseguiram. Então, eles se dividiram em várias facções conhecidas como sekuto. O poder foi dividido e eles não
conseguiram mais se organizar, já que cada um tinha uma liderança.
Enquanto isso, a rápida industrialização amenizava a pobreza e os estudantes não tinham interesse político ou fazer parte de qualquer movimento estudantil.
Por exemplo, em 1964 poucos estudantes apareceram no porto de Yokosuka para protestar contra o a entrada do submarino nuclear americano no porto.
Protesto em Haneda
Então, em outubro de 1967, um pequeno grupo de ativistas com capacetes brancos e pedaços de paus confrontaram a polícia perto do aeroporto de Haneda.
Eles queriam impedir a ida do primeiro-ministro Sato Eisaku para o Vietnam. O confronto foi violento e um estudante acabou morrendo. As imagens do protesto foram transmitidos pela televisão.
Barricadas pelas Universidades
Estudantes da Universidade de Tokyo e Nihon, que representavam a elite e eram uma das maiores fundaram o Zenkyoto. Eles eram independentes dos setores do Zengakuren e aceitavam todos os tipos de pessoas, mesmo sem ideologias.
Em junho de 1968, armaram uma barricada na entrada do campus e clamavam por mais liberdade acadêmica. Os estudantes já haviam sido impactados pelas imagens do protesto de 1967 e por todas as Universidades do Japão, movimentos foram criados para clamar pelos direitos.
Eles pediam democracia, reformas e direitos. Emtão, barricadas começaram a ser feitas por todas as universidades do país. Algumas duraram seis meses. Fato é, que os ânimos estavam exaltados.
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Em 21 de outubro de 1968, quase 290,000 pessoas foram para as ruas para protestar contra a guerra do Vietnam.
Então, o ato tomou rumos violentos. Um comício estava sendo feito na estação Shinjuku e acabou em confronto com a polícia japonesa.
Bancos foram arrancados, colocaram fogo em vagões e as chamas de espalharam. O confronto foi um dos mais terríveis e 700 pessoas acabaram presas.
Embora os materiais audiovisuais sobre a revolta de Shinjuku não estejam disponíveis na internet, é possível que o vídeo seja uma amostra do ocorrido.
Ainda que não haja quaisquer informações na descrição do vídeo, é possível compreender como os eventos aconteceram e como foi o confronto entre as forças de segurança e a sociedade civil.
Até hoje é difícil saber quais foram as causas do confronto em Shinjuku, quem começou ou os motivos. Até os jornais grandes do Japão evitam detalhar o ocorrido e fica mais difícil saber.
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