Entre todos os desafios que qualquer relacionamento proporciona, no Japão um tema em particular vem sofrendo mudanças significativas: a fidelidade.
Omiai
Com exceção de filmes, literaturas e animes que romantizam alguns personagens que se apaixonam e fazem de tudo para ficarem juntos, a maior parte dos matrimônios do Japão tradicional eram arranjados.
Porém, não quer dizer que eram todos, mas era uma prática comum e aceita dentro da sociedade.
Nada muito diferente do que aconteceu durante muitos séculos e até mesmo milênios nos países ocidentais.
No Japão a prática era conhecida como Omiai (見合い), esses casamentos visavam algum tipo de benefício mútuo, fossem os noivos nobres ou plebeus.
Se hoje esse tipo de matrimônio é considerado um absurdo, talvez, seja necessário compreender como era a vida das pessoas antes das revoluções industriais.
Casos extraconjugais
Depois de casados pelo omiai, qualquer uma das partes poderia ter relações extraconjugais sem sofrer represálias da família ou sociedade.
Essa realidade foi possível graças aos pilares filosóficos e espirituais do Japão, o shinto e o budismo.
Além disso, diferentemente do cristianismo e do islã, nenhuma das duas correntes espirituais e filosóficas japonesas possuem dogmas relacionados ao sexo ou a vida conjugal.
Mas isso não significa que esses casos aconteciam da mesma forma como foi no Império Romano ou no mundo helênico e helenista.
Os princípios confucionistas (ainda que reformulado para a realidade do Japão) eram e ainda são muito fortes na sociedade.
Em outras palavras, relacionamentos sexuais fora do casamento aconteciam da forma mais discreta possível.
Tempos modernos
É sempre importante lembrar que o Japão foi e continua sendo uma sociedade pautada no patriarcado, mas é igualmente necessário lembrar, que durantes séculos isso não significava submissão absoluta.
Para compreender melhor o papel da mulher dentro da sociedade japonesa, clique em Yamato Nedeshiko: por qual motivo as japonesas escondem o sorriso?
Com a modernização e industrialização do Japão, uma ruptura violenta aconteceu no país. Principalmente após a segunda guerra mundial.
Submissão
Como consequência da industrialização e ocidentalização do Japão, as mulheres se viram obrigadas a se tornarem completamente submissas aos seus maridos.
Afinal, o mercado de trabalho era (e ainda é) predominantemente masculino e cabia a mulher o papel de cuidar da casa e criar os filhos.
Devido as altas cargas horárias de trabalho no Japão e a função do homem de ser o provedor financeiro e material da casa, era aceitável e considerado normal um homem ter relações extraconjugais.
Durante muitas décadas, especialmente durante o milagre econômico do Japão, tanto homens quanto mulheres se habituaram a esse tipo situação. Isso sem generalizar.
Mas a ocidentalização também trouxe suas chagas. Por isso, se uma mulher fosse adúltera, tanto a sociedade quanto a família a recriminavam brutalmente.
Era compreensível que o marido se sentisse no direito de ter relações com outras mulheres, já que trabalhava muito para manter sua família. Já para uma mulher isso era considerado um ato imperdoável.
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Os relacionamentos no século XXI
Muita coisa mudou no mundo nos últimos 50 anos e no Japão não é diferente. Um novo tipo de olhar para a vida e as relações surgem tanto em homens, quanto em mulheres.
Atualmente os relacionamentos no Japão estão muito mais ligados ao amor do que a um benefício mútuo e a traição não é mais aceita como era antes.
Porém, as gerações mais novas ainda estão propensas a traição, mas de uma forma diferente do que foi no passado. Elas são conhecida como Uwaki (浮気) ou o furin (不倫)
Uwaki
Uwaki pode ser traduzido como trapaça e é aplicado em casos de infidelidade descompromissada fruto de uma bebedeira, por exemplo.
Furin
Já o furin é traduzido como um caso extraconjugal e apesar de parecidos, o furin tem uma conotação mais afetiva do que o uwaki.
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