Chegou o tempo de transição no trono crisântemo e com a mudança o gengo da nova era foi redefinido. Porém, muitos japoneses estão insatisfeitos. Saiba mais.
Insatisfação do gengo
Apesar de muitos japoneses apreciarem suas tradições e raízes, o número de descontentes com a mudança de gengo da nova era está aumentando nas últimas décadas.
Ainda que, para boa parte da sociedade civil, isso não seja um problema, para empresas, legisladores, advogados e 34,6% da população do país a mudança de era é um grande inconveniente.
Gengo e calendário gregoriano
Uma pesquisa realizada pelo Kyodo News em janeiro revelou que 39,8% dos japoneses utilizam o gengo e o calendário gregoriano juntos em seu cotidiano.
Já 24,3% utilizam apenas o gengo e 34,6% usam exclusivamente o gregoriano.
Mesmo o imperador sendo respeitado por todos cidadãos do Japão, desde 1950 existem debates dentro da Dieta japonesa sobre a legalidade do calendário.
O gengo é utilizado há 1374 anos (considerando a data de publicação deste artigo) e foi estabelecido pelo Imperador Kōtoku.
Desde então, o calendário tem como objetivo marcar o reinado dos imperadores japoneses. Além disso, era um instrumento de controle do tempo.
Porém, com a derrota na segunda guerra mundial e a ocupação estadunidense no Japão, Imperador abriu mão de sua divindade e passou a ter um papel simbólico no país.
Casos de insatisfação
Com base na constituição japonesa, um advogado, um empresário e um jornalista entraram com uma ação conjunta no Tribunal de Tóquio para pedir a suspensão da mudança de nome do gengo.
Ainda segundo os autores da petição, a mudança de era no Japão destrói a noção de tempo que cada cidadão japonês possui e isso viola o artigo 13 da constituição do país. Eles são um exemplo do descontentamento de uma parcela.
Um sistema dispensável?
Além disso, Hiroshi Kozen, professor da Universidade de Kyoto e membro da Academia do Japão, declarou ao periódico Kyodo News: “A sociedade japonesa não é mais controlada por um Imperador. O sistema deve refletir o desejo das pessoas e temos que começar a discutir o motivo de precisarmos desses modelos”.
Além disso, empresários também não enxergam motivos para continuar utilizando o gengo já em uma sociedade inserida na lógica de datas gregorianas.
Para os negócios em especial, a mudança de nome representa uma grande dor de cabeça. Quando uma nova era é anunciada, todo país precisa correr contra o tempo para mudar o calendário oficial.
Os debates entre os parlamentares japoneses que existem desde 1950 nunca conseguiu dar fim ao sistema gengo de calendário.
Porém, muitos políticos liberais e conservadores já apresentaram sua insatisfação em relação ao sistema monárquico ainda presente na sociedade.
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Debate político perdido
Embora a insatisfação com o uso oficial do calendário gengo seja crescente nas últimas décadas, não há sinais de sua abolição.
Além disso, os debates mais calorosos sobre o tema aconteceram nos anos 1950 e 1979. Porém naquelas ocasiões o movimento anti gengo não teve forças para mudar essa tradição japonesa.
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