A Ilha de Ryukyu no Japão já foi um reino independente. Conhecido como Reino de Ryukyu ou Reino das Léquias, existiu do século XV ao século XIX.
É por isso que a região de Okinawa possui costumes e tradições tão diferentes, pois fazia parte de Ryukyu.
Mesmo nos dias de hoje, os descendentes dos Sho, a família real de Ryukyu podem ser encontrados no Japão. E apesar do sangue real vivem como cidadãos japoneses comuns.
Okinawa
O sul do Japão é uma região muito sensível e de de extrema importância estratégica para o comércio e defesa do país.
Isso porque é uma importante rota comercial entre Japão, China, Taiwan e um posto avançado do país com excelentes defesas naturais ao sul.
No entanto, durante muitos séculos, Okinawa não era parte do Japão e era divida entre três reinos em constantes disputas.
Guerras e conquistas
No final do século XIV, Okinawa vivia o período conhecido como Sanzan (Hokuzan, Chuzan e Nanzan) ou o período dos três reinos.
Hokuzan
O reino de Hokuzan ao norte possuia a maior força militar de Okinawa. Porém, era economicamente fraco.
Chuzuan
Por sua vez, Chuzuan era o principal e mais rico entre os três.
Nanzan
Já o reino de Nanzan ao sul tinha o controle sobre os portos de Naha e Kumemura.
No começo do século XV, os reinos se confrontaram pelo controle da região. Apesar do reino de Hokuzan ter a maior e melhor força militar, o reino de Chuzan venceu seus vizinhos ao norte e sul graças a sua força econômica. Pela primeira vez na história unificou a região de Okinawa.
Nasce um nova nação
Com a vitória de Chuzan em 1429, o Imperador Ming da China o reconheceu um único estado soberano e ao mesmo tempo estado tributário da China.
Isto é, a influência era tão grande que Ryukyu era obrigada a pagar tributos ao Imperador Ming.
Aliás, o próprio nome da dinastia “Sho” foi dado pelo Imperador chinês. Além disso, os navios do reino foram patrocinados pela monarquia chinesa.
O Reino das Léquias se tornou um estado próspero graças ao comércio com o Vietnã, Coreia, Sumatra, Japão e até mesmo Sibéria.
Era dourada
Apesar de ser um estado autônomo, o Reino de Ryukyu não investiu tantos recursos em um exército nacional, isso porque os governantes do reino eram excelentes diplomatas.
Além disso, era uma ponte importante entre o Japão e China. Afinal, durante a existência do reino de Ryukyu, Japão e China não possuíam relações diplomáticas.
O estado prosperou por causa da transparência e credibilidade que o reino conquistou com outros países nas relações comerciais.
Isso fez do Reino das Léquias um intermediário perfeito para distribuir produtos chineses, japoneses e de outros países da Ásia, independentemente das tensões entre os estados.
A queda de Ryukyu
Por volta de 1590, Toyotomi Hideyoshi planejou uma invasão na Coreia e solicitou ajuda militar ao rei Sho de Ryukyu.
Porém, a existência do reino só era possível graças ao suporte do Imperador chinês. Por ser um estado tributário da China, o reino se recusou a participar da campanha militar de Hideyoshi.
Como consequência, em 1609, o senhor feudal de Satsuma invadiu Ryukyu. Sem um exército a altura do invasor o reino caiu.
Como o monarca foi sequestrado, o país ficou sem rei e foi obrigado a jurar lealdade a Satsuma.
Apesar de jurar lealdade ao clã Satsuma, a família Sho continuou governando o reino. Afinal, era praticamente impossível controlar todos os aspectos da ilha.
Isso não chegou a ser um problema, na verdade, foi uma solução. Apesar da invasão japonesa, essa informação ficou restrita ao país e a Ryukyu.
Como o Japão e a China não possuíam relações diplomáticas, o Japão utilizou o Reino das Léquias para obter vantagens políticas e comerciais.
Então, para manter as aparências de reino autônomo, os japoneses eram proibidos de ir até Ryukyu e os habitantes do reino de Ryukyu também eram proibidos de ir ao Japão.
Além disso, os habitantes de Ryukyu eram proibidos de falar nomes, o idioma, utilizar roupas e costumes japoneses, entre outras coisas.
Quanto ao reino, eles continuaram obrigados a pagar tributos aos chineses e colaborar com as vontades das classes políticas do Japão.
Leia também
Filhas de Meiji: conheça a história das crianças japonesas que marcaram seu nome na história
Yasuke: conheça a história do primeiro e único samurai africano do Japão
Conheça 3 monges japoneses impressionantes da história
Unificação
O Reino das Léquias chegou oficialmente ao fim em 1879. Com a presença de forças estrangeiras na região, o Japão decidiu unificar a região para assegurar sua integridade nacional.
Afinal, esse período foi o auge do colonialismo das potências europeias. Como a região fornece uma proteção natural ao sul do Japão, optou-se em integrar Ryukyu e acabar de vez com as relações com a China.
Após a unificação, a família Sho recebeu uma série de privilégios do governo Meiji devido ao fim da linhagem real.
No entanto, os privilégios terminaram durante a segunda guerra quando as batalhas deixaram mais de 90% população desabrigada.
E como os estadunidenses só devolveram Okinawa para os japoneses em 1972, a antiga família real não teve alternativas a não ser viver como cidadãos comuns.
Porém a tradição do Reino das Léquias ainda permanece na família e em festivais como o Shuri Castle Festival e Ryukyu Kingdom Festival em Okinawa.
Compartilhe! Clique aqui e receba nosso conteúdo exclusivo pelo Facebook Messenger.