Considerados não humanos pela sociedade feudal japonesa, a classe burakumin enfrentou preconceito e discriminação no Japão.
Para entender onde os burakumins se encaixavam compreenda como funcionava a divisão de classes do período feudal.
Classes sociais
A sociedade japonesa já foi dividida em quatro castas sociais comuns (samurais, mercadores, fazendeiro/camponês e artesãos) lideradas pelo shogun e por último o Imperador.
Foi implementada por Toyotomi Hideyoshi ao final do século 16 com base nos preceitos do budismo e shinto.
Samurai
No topo da pirâmide do poder japonês estavam os samurais e daimyos (ronins não incluídos). Essa classe representava cerca de 10% da população.
Mesmo que o período Edo seja conhecido por um ser um dos mais longos períodos históricos sem grandes confrontos militares no Japão, era a classe guerreira que dominava a política e o governo.
Sem guerras para travar, os samurais se tornaram agentes públicos. Muitos guerreiros se tornaram empreendedores para aumentar seus ganhos, já que seus pagamentos eram limitados.
Fazendeiros e camponeses
Abaixo dos samurais estavam os fazendeiros e camponeses. Eles estavam acima dos artesãos e mercadores, pois eles produziam alimentos para todas as classes (superiores e inferiores).
Por isso, era considerada honrada. Por outro lado, a carga tributária dos camponeses e fazendeiros, isto é, os impostos, eram altíssimos.
Quando Tokugawa Iemitsu ascendeu ao posto de shogun do Japão, os produtores foram proibidos de comer o próprio arroz que plantavam.
Toda a produção era entregue aos daimyos e cabia aos fazendeiros e camponeses aguardarem por uma espécie de caridade como compensação financeira.
Artesãos
Eles produziam praticamente tudo o que era necessário no dia a dia dos japoneses e até mesmo espadas para samurais.
Embora não seja uma casta considerada honrada, como os fazendeiros e camponeses, no geral, eles vivam em melhores condições.
Mercadores
Mercadores ocupavam o último lugar mais baixo da casta social japonesa. Eram considerados como parasitas por lucrar com o trabalho alheio.
Mesmo com essa má fama, muitos foram capazes de fazer fortuna no país com o comércio. Com isso veio o poder e a influência política (tal como os burgueses durante a idade média na Europa).
Burakumin
Japoneses com trabalhos considerados impuros pela religião budista e shinto eram excluídos das castas e viviam em guetos e vilas. Representavam menos de 2% da população.
O sistema é bem parecido com os dalits da Índia, pois faziam parte de um grupo socioeconômico baixo.
Eta
De famílias pobres e com trabalhos considerados indignos faziam parte quem mexia com cadáveres, matavam animais, eram responsáveis por executar pessoas, criminosos condenados, etc. Eles não podiam ascender de classe.
Hinin
O hinin tinha a chance de subir de casta se fosse adotado ou casasse com membros de famílias dos níveis superiores. Eram prostitutas, mendigos e artistas de rua em sua maioria.
Por exemplo, uma mãe com dificuldades financeiras e se tornasse prostituta temporariamente poderia ascender socialmente depois.
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Esse sistema chegou ao fim em 1871 durante a era Meiji. Entretanto, o estigma social de algumas castas ainda podem ser vistas no Japão do século XXI.
Após a abolição, o Imperador Meiji chamou os eta de novos plebeus, o que gerou revolta da população geral. Desde então, o termo burakumin (pessoas da aldeia) surgiu.
Pessoas de aldeia naquela ocasião queria dizer gueto. Por isso, até os dias de hoje, os descendentes dos burakumins de Tokyo e Kyoto enfrentam problemas para casar, conseguir empregos e acabam no ostracismo social. Muitos foram parar na Yakuza.
Claro que a vida da grande maioria não era fácil, porém, houve quem prosperasse com os trabalhos que ninguém queria fazer.
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