No Japão, manter a harmonia do ambiente externo e abdicar das próprias vontades em favor do coletivo é uma arte chamada Wa.
O conceito de Wa
Não é uma tarefa simples traduzir um conceito construído a mais de 1400 anos na história de um país.
Para entender o espírito de Wa, é necessário entender os conceitos do termo. Isso porque o kanji Wa (和) possui mais de um sentido.
Em sua estado mais informal, o wa serve como um conceito cultural, em outras palavras, o kanji se refere ao “Japão”.
Palavras como wa-gyu (carne japonesa), wa-huu (estilo japonês) e wa-syoku (comida japonesa), por exemplo, são todas referências diretas a cultura e país.
No entando, existe a expressão “wa no kokoro” onde o termo wa representa a harmonia.
Sentido
Embora não haja uma tradução literal para a expressão, seu sentido mais próximo é a valorização da ordem, da harmonia e da polidez no ambiente coletivo em vez de centrar no indivíduo.
É a arte de viver/conviver em paz e harmonia. Isso explica, por exemplo, os baixos índices de criminalidade no Japão.
O espírito
Wa não é apenas o resultado do pensamento filosófico japonês. É também obra de uma necessidade política da corte imperial durante o século VII.
O projeto de uma nação unida na figura do Imperador só seria possível pela unificação cultural do Japão. O Wa ajudou a estabelecer a harmonia pela hierarquia.
O espírito da arte reside na capacidade de unir pessoas de diferentes valores e posições para um estado social superior.
Princípios básicos
A harmonia defendida pelo wa não aconteceu do dia para noite. Mesmo introduzida em todos as esferas da sociedade japonesa, levou tempo até tudo ser como é hoje.
Não é fácil nascer em uma sociedade onde o indivíduo é deixado de segundo plano em prol do benefício coletivo. Da mesma forma, se encaixar nesse modelo social pode ser igualmente difícil.
Evitar confronto
O princípio fundamental do wa é evitar o confronto com outra pessoa. É esperado guardar para si frustrações e indignações em benefício da ordem. Portanto, sem entrar em discussões e brigas.
Renúncia da individualidade
O segundo princípio é a renúncia da individualidade. Tudo gira em torno do coletivo. Por exemplo, nas escolas japonesas formas de expressão da individualidade são reprimidas, assim como traços de personalidade considerados fora da norma.
Os uniformes devem ser os mesmos, as cores dos cabelos e mais características pessoais físicas devem seguir um padrão, por exemplo.
Já nas entrevistas de emprego todo mundo se veste igual e competem em salas coletivas ao mesmo tempo.
Normalmente, não é o indivíduo que a empresa busca contratar, mas sim um professional dedicado, que entenda a hierarquia japonesa e se encaixe dentro das expectativas e deveres.
Respeitar hierarquia
O terceiro princípio é respeitar os mais velhos e os superiores. Embora essa hierarquia não tenha mudado no âmbito do trabalho, o ritmo do século XXI está mudando radicalmente a cultura dentro das famílias.
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Uso apropriado da linguagem
O quarto princípio explica a polidez no tratamento que os japoneses comumente tem pelo próximo.
O uso apropriado da linguagem é uma peça fundamental para essa harmonia e bem estar social da sociedade japonesa.
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