Descubra quem foi Ninomiya Sontoku (Kinjiro Ninomiya)

Ninomiya Sontoku foi um homem do campo e filho de agricultores na antiga Kayma, província Sagami (atualmente Odawara, província de Kanagawa).

É um exemplo de perseverança e de superação em uma época marcada pelos estigmas das castas sociais.

Nimomiya Sontoku

Ninomiya Sontoku

Nem sempre a história é escrita com os nomes da aristocracia de um país. Por vezes, mesmo contrariando todas as possibilidades, pessoas simples e humildes também merecem destaque.

Embora não seja tão famoso, quanto os heróis que unificaram o país, Nimoniya é um dos principais personagens do Japão moderno (mesmo tendo vivido no período Edo).

Foi reconhecido por sua dedicação e devoção aos estudos. Antes do final da segunda guerra mundial, praticamente, todas as escolas possuíam uma estátua em sua homenagem.

Estátua de Sontoku

Confira um pouco da trajetória menos conhecida de um dos principais gênios da história do Japão.

Origem

Nascido em 1787, Ninomiya Sontoku vivia com seus pais em suas terras. Durante muito tempo foram capazes de manter a prosperidade material da família.

Enchente

Porém, tudo mudou após uma grande enchente no ano de 1791. Com as colheitas e o campo destruídos, a família passou por momentos difíceis.

Durante cinco anos, o pai de Sontoku se esforçou para recuperar a terra da fazenda e retomar o ritmo econômico anterior.

Perdas

O trabalho árduo gerou uma série de problemas de saúde ao patriarca que faleceu em 1800. Com apenas 14 anos de idade o garoto perdeu o pai e se viu em grandes dificuldades financeiras.

Dois anos após a morte de seu pai foi a vez de sua mãe falecer. Menor de idade e sem perspectivas foi viver com seu tio.

Mudança

Cena de filme sobre vida de Sontoku

Quando passou a viver nas terras de seu tio, o jovem agricultor começou a estudar e se educar por conta própria.

Estudos e dificuldades

Depois de realizar os serviços nas terras de seu novo tutor, Ninomiya utilizava um lampião para ler durante a noite.

Como naquele tempo o modelo social era segregador, ou seja, o estudo era reservado para as classes superiores não havia ninguém para apoiá-lo.

De acordo com a história, o tio o repreendeu por gastar óleo a noite no lampião para estudar. Para ele era perca de tempo e dinheiro.

Esforço

Para continuar estudando Sontoku plantou colza. Uma planta que produz sementes utilizadas para extração de óleo e atualmente biodiesel em um terreno abandonado.

Colza
Colza

Com o lucro das sementes comprou óleo para lampião e continuou seus estudos com seu próprio sacrifício.

Recuperação da terra ancestral

Ainda trabalhando como camponês, Ninomiya voltou para Kayma decidido a comprar novamente as terras de sua família.

Com 20 anos de idade trabalhou para uma série de outras famílias. Com o dinheiro que ganhava foi comprando os lotes de terra pouco a pouco.

Quando completou 24 anos suas terras chegaram a 1.4 hectares. Nesse momento, Sontoku conseguiu prosperar como na época áurea de seus pais.

A escalada social

Aos 25 anos decidiu trabalhar para Hattori Jūrobei vassalo do daimyo de Odawara. Esse foi um momento importante na vida do jovem.

Entre suas atribuições estavam auxiliar os filhos de Hattori nos estudos. Isso permitiu que ele desenvolvesse ainda mais suas capacidades intelectuais.

Com a educação mais polida, Ninomiya criou um conceito conhecido como gojōkō, um modelo econômico de cooperação agrária.

Gojōkō

Esse modelo funcionava com um financiamento voluntário onde os participantes poderiam pegar empréstimo desse fundo e devolvê-lo com juros.

Além disso, o modelo estava ligado ao modelo social e moral do confucionismo. Ou seja, juros baixos e pouco risco de inadimplência devido aos preceitos morais.

Depois de alavancar a economia de Hattori Jūrobei, Ninomiya chamou a atenção do próprio daimyo Okubo Tadazane de Odawara.

Ele foi convocado pelo daimyo para revitalizar o distrito de Sakuramachi, uma região que acabou caindo em desgraça devido a negligência dos camponeses.

As barreiras sociais

Quando assumiu a responsabilidade de revitalizar Sakuramachi, Okubo Tadazane ofereceu uma boa quantia para que ele pudesse fazer o trabalho.

No entanto, o jovem Ninomiya recusou a oferta alegando que a ajuda externa seria um dos problemas que a região enfrentava.

Na sua visão, era necessário que os próprios agricultores assumissem a responsabilidade por suas terras e corrigissem suas falhas com suas próprias reservas.

Seu modelo solidário deveria ser capaz de motivar a população local e revitalizar as terras com suas próprias mãos.

Porém, sua posição no governo local não agradou aos samurais de região que viam ameaçados, tanto suas posições, quanto o status-quo da sociedade.

Retiro espiritual

Após uma série de conflitos com a nobreza local e consequentemente com os próprios aldeões, Ninomiya foi para um retiro espiritual no templo Narita-san Shinsho-ji.

Templo Naritasan Shinshoji
Templo Naritasan Shinshoji

Depois de 21 um dias de reclusão, o jovem teve um despertar espiritual e estava convicto que conseguiria derrotar, ou melhor, convencer e persuadir seus oponentes aristocratas.

Do exílio a vitória

Ninomiya retornou a Sakuramachi. Com mais sabedoria a população passou a admirá-lo. Além disso, o daimyo tirou do poder os samurais que o ameaçaram e os substituíram por indivíduos mais equilibrados e progressistas.

Revitalização

Em 1831, Sakuramachi foi completamente revitalizada e se tornou um lugar próspero. Durante o período conhecido como a grande fome de Tempō, a região foi a única com reservas suficientes para atender sua população.

Suas conquistas não pararam por aí, estima-se que mais de 600 regiões do Japão foram diretamente beneficiadas com o modelo gojōkō.

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A filosofia e o legado de um simples camponês

O papel de Ninomiya Sontoku no Japão moderno foi fundamental, suas ideias influenciaram os pais do capitalismo japonês, como Shibusawa Eiichi, Matsushita Konosuke, Yasuda Zenjiro e Toyoda Sakichi.

Graças a sua dedicação a educação e por ser uma pessoa autodidata, durante toda a era Meiji e Taisho, existiam estátuas em sua homenagem em praticamente todas as escolas do país.

Porém, após a ocupação estadunidense no Japão após a segunda guerra, a maioria foi destruída junto com as imagens do Imperador em santuários e templos.

Mesmo assim, sua filosofia permaneceu e sua popularidade está gradativamente retornando ao Japão.

A filosofia de Sontoku (conhecida como Hōtoku) ensina a importância do sentimento de gratidão com a família, ancestrais, a comunidade e com a terra. É baseada em quatro princípios básicos:

Shisei – honestidade e sinceridade;
Kinrō – diligência;
Bundo – orçamento responsável;
Suijō – retribuição.

A percepção do bem comum, da colaboração solidária e do altruísmo entre os membros de uma comunidade formaram os pilares para o desenvolvimento econômico do Japão moderno.

Fonte: Nippon

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