Imperador Hirohito

Hirohito: Imperador Showa foi impedido de mostrar arrependimento

O falecido Hirohito (Imperador Showa) nunca realizou nenhum discurso de arrependimento depois do fim da II guerra mundial.

Segundo documentos mostrados e reportados pela NHK e divulgados pelo Japan Today e Kyodo News, ele foi impedido de se desculpar publicamente.

Antes da derrota do Japão na segunda guerra mundial, o Heika era considerado divindade (kami).  Além de comandante e chefe de todas as forças militares e políticas do Japão.

No entanto, após a rendição e a nova constituição do país em 1947 se tornou uma pessoa comum apesar do título real.

Hirohito assinando constituição 1947
Hirohito assinando constituição 1947

O discurso do Imperador

Hirohito sentia muita culpa e remorso pelo sofrimento que o Japão causou ao mundo (e especificamente nos países da região do Pacífico).

O canal japonês NHK revelou uma série de documentos pertencentes a família de Michiji Tajima. Ele foi Grande Comissário da Casa Imperial da Agência Imperial do Japão entre 1949 e 1953.

Foram recuperados 18 cadernos com anotações das conversas entre ele e o Imperador Showa.

Cadernos de Tajima
Cadernos de Tajima

Nas anotações do comissário, no dia 11 de janeiro de 1952, Hirohito afirmou vontade de incluir palavras “remorso” e “vergonha” em seu discurso programado para maio.

No dia 20 de fevereiro, Hirohito afirmou: “Se nós refletirmos, todos nós realizamos coisas terríveis. Por favor, escreva e inclua em meu discurso o significado de que todos devemos refletir para não repetir os mesmos erros”.

Palavras não ditas

O então primeiro ministro Shigeru Yoshida não permitiu que Hirohito dissesse qualquer coisa relacionada a guerra e a derrota do Japão.

Shigeru Yoshida
Shigeru Yoshida

Como a nova constituição do país retirava a divindade e os poderes políticos, Hirohito não teve opção a não ser obedecer as leis japonesas.

Ainda segundo os documentos, Hirohito refletiu muito sobre a derrota do Japão. Através dos documentos, o Imperador Showa se sentiu extremamente desconfortável pela condição do Japão na guerra. Além disso, sentia uma grande angústia nos últimos anos do confronto.

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Um de seus últimos camareiros, Shinobu Kobayashi, também fez um relato em seu diário revelado em 2018. O Imperador passou seus últimos anos assombrado por sua responsabilidade.

No dia 7 de abril de 1987, Kobayashi escreveu algumas palavras de Hirohito: “Não faz sentido viver uma vida mais longa reduzindo minha carga de trabalho. Isso apenas aumentaria minhas chances de ver ou ouvir coisas que são agonizantes”.

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