O Japão é um país pacífico há apenas 75 anos, afinal, a história do país é repleta de confrontos internos e externos. Entre esses conflitos, Tomoe Gozen figura lendas e histórias japonesas por sua bravura e habilidades.
Alguns historiadores duvidam da existência dessa onna-musha argumentando que ela é um personagem fictício do Heike Monogatari (平家物語,), ou Conto dos Heike.
Mas apesar do livro se tratar de um romance sobre as Guerras Genpei, os personagens são baseados em indivíduos reais durante o período Heian (794 – 1185).
Além disso, no museu Yoshinaka Yakata dedicado ao mentor e provável marido de Tomoe Gozen, Minamoto no Yoshinaka, há um monumento com a imagem do daimyo ao lado de sua primeira capitã.
Tomoe Gozen
Apesar de não existirem registros exatos de seu nascimento, acredita-se que Tomoe Gozen viveu entre 1157 a 1247.
Onna-bugeisha e Onna-musha
Normalmente o termo Onna-Bugeisha é utilizado para as mulheres educadas nas artes marciais dos samurais.
Porém, há uma pequena diferenças entre as onna-bugeisha e as onna-musha. As onna-bugeishas normalmente era guerreiras defensivas, já as onna-musha eram guerreiras ofensivas.
Tomoe Gozen era um guerreira ofensiva e liderou pessoalmente um batalhão de aproximadamente mil guerreiros.
Principais feitos
Acredita-se que ela participou de todas as batalhas travadas nas Guerras Genpei (1180-1185). O conflito se dava entre os clãs Taira e Minamoto pelo controle do Japão ao final do século 12.
De acordo com a história (ou lenda), ela derrotou dezenas de inimigos em combates individuais. Seu último oponente foi Uchida Iyeyoshi e sua cabeça foi levada como troféu para Yoshinaka.
Batalha de Awazu
A Batalha de Awazu (1184) por outro lado selou o destino do daimyo Minamoto no Yoshinaka. O clã Minamoto estava em desvantagem numérica quando foi atacado pelo exército do clã Taira.
Dos 300 homens do clã Minamoto, apenas cinco conseguiram sobreviver ao brutal ataque, entre esses bushi estava Tomoe Gozen.
Segundo conta o livro de Stephen Turnbull, The Samurai, A Military History (1977), Yoshinaka foi atingido por uma flecha e morreu.
O destino de Tomoe Gozen
Nenhum livro de história conta o destino de Tomoe Gozen depois da batalha de Awazu infelizmente. Tem muitas versões por aí, umas envolvendo a vida no monastério, outra sendo obrigada a virar concubina e tendo filho, etc.
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Portanto, a falta de informações sobre a vida de Tomoe Gozen antes das Guerras Genpai e após a Batalha de Awazu são os principais motivos para muitos acreditarem que ela seja um invenção literária.
Porém, quem se interessar em saber mais, o museu Yoshinaka Museum em Miyakonoshi conta a história do clã Minamoto e lá Tomoe Gozen aparece homenageada. No entanto, as visitas guiadas são apenas em japonês.
Além disso, durante toda a sua história, o Japão possui uma cultura patriarcal com pouco espaço para a história das mulheres no país. Quase nenhuma figura entre os livros, apenas em museus e relatos que sobreviveram ao tempo.
Um bom exemplo disso são os testes de DNA realizados onde ocorreu a Batalha de Senbon Matsubaru. Dos 105 corpos encontrados na escavação, 35 eram de mulheres.
Outras duas escavações e testes de DNA em campos de batalha também apontaram para um resultado de corpos de mulheres semelhantes aos da Batalha de Senbon Matsubaru.
De qualquer forma, se ela existiu ou não, (como é o debate sobre a existência da Imperatriz Jingū Kōgō), sua história é um retrato de mulheres excepcionais que se perderam nos anais da história do Japão.
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