As condições geográficas e demográficas somadas ao nível de desenvolvimento econômico e social do país exigiram a dependência do uso de energia nuclear no Japão.
Apesar do acidente nos reatores nucleares de Fukushima, não existe nenhuma intenção do governo em banir o uso desse tipo.
Porém, o Japão não é o único país que não pretende abrir mão do seu direito. Até 2030, a China será o principal produtor de energia nuclear do mundo.
Mesmo existindo riscos, essa fonte de energia é um grande paradoxo para a sociedade, afinal, se nada der errado, são fontes de energia limpa, ou seja, não há contaminação do meio ambiente na produção por emissão de gás carbônico.
Lixo nuclear
O maior problema das usinas nucleares são os resíduos. Após as células de urânio serem consumidas nos reatores, ele se torna plutônio, um material muito mais radioativo.
Atualmente, a reciclagem conhecida como MOX (dióxido de urânio empobrecido e plutônio) é uma solução para diminuir a quantidade de lixo radioativo produzido.
No entanto, ambientalistas afirmam que o uso de materiais radioativos para a produção de energia é um crime com as futuras gerações.
Isso porque mesmo com MOX, sempre haverá resíduos nucleares que não são possíveis de serem reaproveitados. E até hoje não há nenhuma forma de armazená-los ou descartá-los de forma segura.
O perigoso potencial do plutônio
O Japão é um dos poucos países signatários do tratado de não proliferação de armas nucleares que tem o direito de armazenar grandes quantidades de plutônio.
Isso porque ele pode ser usado na criação de armas de destruição em massa. Para se ter uma ideia, com a quantidade que o Japão detém do material, é estimado que possam ser criados mais de 6 mil armas nucleares.
Além disso, o plutônio é muito mais radioativo do que o urânio, material mais comum utilizado em armas.
E é exatamente por isso que governos estrangeiros, como os EUA e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) se preocupam com esse estoque.
Embora não haja nenhum indício de que o governo japonês tenha intenção de desenvolver armas nucleares (houve rumores sobre o tema durante a guerra fria), há outros riscos envolvendo o estoque de plutônio do país.
As principais ameaças hoje em dia é o terrorismo. Poucos anos atrás, os países da União Europeia perceberam que suas instalações nucleares não eram protegidas o suficiente contra um ataque, por exemplo.
Leia também
Hibakusha: quando sobreviver não é o suficiente, os amaldiçoados da bomba atômica
Gojira: descubra o que o Godzilla representa para o Japão
Uso e reuso
Nos últimos 25 anos as reservas japonesas de plutônio tiveram um salto enorme. Em 1993, por exemplo, o país tinha pouco mais de 10 toneladas, em 2003 eram cerca de 40 toneladas.
O governo japonês estipulou que o país não pode ultrapassar 47 toneladas de material radioativo. Porém, não é tão fácil reduzir essa quantidade de plutônio.
Após o desastre de 2011, uma série de regulamentos deixaram o uso do plutônio mais difícil no Japão. Além disso, o processo de reciclagem (MOX) também é limitado.
Atualmente o país vive uma espécie de limbo no que diz respeito a dejetos e materiais nucleares.
Enquanto não houver uma solução para o descarte de materiais radioativos como urânio e plutônio, todos os países que fazem uso da energia nuclear, incluindo o Japão, estão reféns de seu próprio desenvolvimento tecnológico.
Compartilhe! Clique aqui e receba nosso conteúdo exclusivo pelo Facebook Messenger.