Homem recebe punição por tirar licença paternidade no Japão

Um homem de 38 anos foi punido pelos seus gestores na empresa Asics após tirar licença paternidade no Japão.

Em 2015 tirou seis semanas e em 2018 foram 13 meses. Seus filhos têm quatro e um ano de idade. Apesar disso, na teoria, a Asics oferecia dois anos de licença paternidade como parte dos benefícios em trabalhar na empresa.

Logo da empresa Asics

Por isso, pensou ser uma opção razoável e lógica quando questionado pelo tempo que ficou fora após o nascimento de seus filhos.

Ele queria ajudar em casa, participar dos primeiros cuidados e prevenir depressão pós-parto de sua esposa ficando presente.

Carregava caixas pesadas

Homem carrega caixas

Ele trabalhava com marketing e vendas inicialmente, mas foi transferido para um armazém em uma subsidiária após voltar do nascimento de seu primeiro filho e passou a  carregar caixas pesadas.

Por conta disso, machucou seu ombro que já era lesionado. Contratou um advogado e fez uma reclamação formal. Então, foi transferido para um escritório.

No entanto, foi designado a traduzir para o inglês o manual de políticas da empresa em relação a horas trabalhadas e férias. Além disso, passava o dia sentado e sem fazer nada de importante.

Tarefas inúteis e exclusão

Após o segundo filho nascer continuou a receber tarefas inúteis, mas passou a ser excluído na empresa, segundo o relato do homem que não quis se identificar por sofrer represálias nas redes sociais.

No Twitter foi chamado de egoísta por ter tirado licença de um ano para ajudar a cuidar de seus filhos após o nascimento.

Exemplo

Além disso, outros funcionários do sexo masculino foram advertidos a não tirar a licença e seu caso foi dado como exemplo.

O homem levou a questão a justiça na corte de Tokyo e pediu uma indenização de 4.4 milhões de ienes por dano moral, segundo diversos periódicos internacionais, como The Guardian, CNN, entre outros.

Apesar do Japão oferecer um dos maiores benefícios em relação a licença paternidade, muitos não se sentem confortáveis em aproveitar.

A licença não é paga pela empresa, mas o governo oferece subsídios. Inclusive, segundo informações oficiais essa quantia será maior nos próximos anos para estimular que mais homens aproveitem o benefício, mas existe resistência por conta dos empregadores.

A maioria dos japoneses não enxerga com bons olhos e, muitas vezes, ocorre pressão e assédio (patahara) a quem opta por tirar a licença. Atualmente, por conta disso apenas 6% dos homens o aproveitam.

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Um outro caso que repercutiu internacionalmente foi do canadense Glenn Wood. Ele trabalhava como gerente na Mistubishi UFJ Morgan Stanley e morava no Japão há 30 anos.

Seu filho nasceu prematuro de seis semanas no Nepal enquanto ele negociava uma licença de quatro semanas com seus superiores.

Quando os médicos disseram que seu filho corria risco de vida, o homem viajou e ficou cinco meses fora. Retornou em março de 2016 com seu filho apenas.

Ao voltar passou a enfrentar assédio, teve seu cargo alterado, teve que fazer um exame de DNA para provar que o bebê era mesmo seu filho, além de passar por dois psiquiatras. Apesar disso, foi demitido em 2018. Agora, ele luta na justiça para ter seu emprego de volta.

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