Desde o endurecimento das leis contra o crime organizado, a máfia japonesa Yakuza está em constante declínio e corre o risco de desaparecer.
A organização surgiu durante o período Edo no século XVII e se fortaleceu ao longo dos séculos. Em seu auge na década de 60, a Yakuza contava com cerca de 184 mil associados.
Envelhecimento
No entanto, hoje esse número caiu para pouco mais de 40 mil membros diretos e indiretos. Além disso, um problema que atinge o Japão é muito mais profundo no grupo: o envelhecimento.
Pouco interesse dos jovens
Com o cerco fechando judicialmente prevendo penas de prisão perpétua, os jovens têm cada vez menos interesse em participar da organização.
Como resultado, a Yakuza está envelhecendo em um ritmo muito mais rápido do que a sociedade japonesa. E apesar de todo o luxo e riqueza, não há lugar ao Sol para todos.
Mudança de paradigma
No dia 10 de outubro de 2019, Toshio Murayama, homem de 68 anos e membro da Kodo-kai, um braço da Yamaguchi-gumi assassinou dois membros do Yamaken-gumi, um grupo rival ao Kodo-kai.
Embora o Yamaguchi-gumi seja a célula mais rica e poderosa da Yakuza, existem uma série de conflitos internos que normalmente são resolvidos de forma violenta.
Crime na frente de policiais
Porém, o que chama atenção para esse crime é que Murayama cometeu os dois homicídios na frente de dois policiais japoneses e foi preso em flagrante.
No passado esses tipos de crimes eram feitos pelos membros mais jovens. Essa era uma forma de conseguir uma posição mais alta na hierarquia da organização.
Se um jovem de 20 anos, por exemplo, era preso por um crime desse, poderia pegar uma pena de 15 a 20 anos. Mas ao sair do sistema prisional japonês, ainda teria longos anos de atividade em posições superiores.
Prisão perpétua
Mas hoje em dia há o risco de prisão perpétua e nenhum jovem de 20 anos está disposto a passar o resto de sua vida em um dos sistemas carcerários mais rígidos do mundo.
Logo, esse tipo de tarefa vem sendo realizado pelos membros restantes e com idade mais avançada. Mas existe um motivo adicional para isso.
Plano de aposentadoria
Como toda a organização, a Yakuza possui hierarquia e são poucos membros que podem desfrutar do luxo e da riqueza até o fim de suas vidas.
Já para membros de baixo escalão, a vida pode ser mais difícil. Especialmente quando a idade começa a pesar.
Afinal, não existe um plano de aposentadoria ou previdência social previsto aos associados da máfia japonesa. Se não está fácil para os japoneses que trabalharam a vida inteira pagando a previdência, imagine para um mafioso.
Por isso, Murayama optou por ser preso. Afinal, dentro do sistema prisional ele (e outros mafiosos idosos) garantem um teto, três refeições ao dia e tratamento médico.
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De acordo com os jornalistas japoneses Atsuhi Mizoguchi, especialista em crime organizado no Japão e Tomohito Suzuki, a prisão serve como uma espécie de casa de repouso para os idosos.
E para os gangsters passar os seus últimos dias atrás das grades é uma apólice de seguro pela falta de moradia e seguridade social.
Por seus feitos e por encarar a prisão, a organização demonstra sua gratidão dando suporte aos familiares, ou seja, cuidar de suas esposas e garantir um diploma universitário aos seus filhos, por exemplo.
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