O Japão é um país milenar envolto de tradições e que passou por muitas mudanças. O onkochishin ajuda a explicar como os japoneses conseguem aprender com o passado.
Onkochishin
O Japão passa por processo de modernização e aos poucos muda suas construções e arquitetura com inclusão de tecnologias em seu dia a dia.
Tokyo é um dos exemplos e já se prepara para ter robôs com inteligência artificial, carros voadores e mais avanços nos próximos anos.
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O mesmo acontece em outras áreas da sociedade. Por exemplo, a mudança da visão patriarcal com mais inserção de mulheres no mercado de trabalho e incentivos para o homem tirar licença paternidade.
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Aos poucos, a sociedade muda as formas como as coisas eram feitas, sem perder sua tradição, mas com alterações nos costumes.
Como outras palavras japonesas, ela não pode ser compreendida apenas com sua tradução do que significam seus kanjis, mas por conceitos e filosofias.
Basicamente trabalha com o conceito de que novas ideias podem surgir baseadas com a aprendizagem do passado. É preciso entender o passado para assimilar o presente e planejar futuro.
Portanto, deve haver um respeito ao que já passou, mas sem ficar preso a ele. Sempre tirando lições e fazendo melhorias para o que acontece agora ou acontecerá no futuro, ou seja, encontrar novas sabedorias no antigo.
A presença no presente
Você já parou para pensar que o ser humano é o único ser na natureza capaz de analisar o passado e projetar o futuro?
Santo Agostinho (Agostinho de Hipona, 354 – 430), teólogo cristão e um dos filósofos mais importantes da história do ocidente atribuiu a essa capacidade o conceito de “os tempos da alma”.
Isso quer dizer que quando uma pessoa pensa no passado, embora o corpo físico permaneça no agora, a alma se transporta para o passado. O mesmo acontece quando se projeta o futuro.
Balise Pascal, uma das figuras mais importantes da história do ocidente (matemático, físico, inventor, teólogo e filósofo 16) e profundo conhecedor da obra de Agostinho atribuiu um novo conceito nessa habilidade, a isso chamou de “escapismo”.
Para Pascal, deslocar a alma para o passado ou para o presente é uma forma de fugir da incerteza do presente, ou seja, o agora.
Em outras palavras, o ser humano tende a fugir com a alma ante a qualquer possibilidade de dor no presente. Se o indivíduo não pode fugir com o corpo, então ele fugirá com o que pode: a alma, deixando o corpo a sua própria sorte.
Esse tipo de atitude, o escapismo, é o que o próprio nome diz, uma forma de escapar de uma situação desconfortável.
Onkochishin é o oposto do escapismo, é utilizar essa incrível e única habilidade de transitar entre o passado, presente e futuro para encontrar o caminho correto.
Refletir sobre o passado é aceitá-lo e aprender com a experiência vivida. Refletir sobre o futuro é enxergar possibilidades e agir para eventualmente ser capaz de materializar uma possibilidade, e não criar fantasias cheia de expectativas irrealizáveis.
É interessante perceber o quão as filosofias ocidentais e orientais são complementares, sob diferentes perspectivas, tanto Pascal quanto Agostinho e o Onkochishin falam sobre a mesma coisa: a vida vivida no presente, a presença no presente.
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