Dankai no sendai

Dankai no sendai: 2ª geração ganha menos e vive na incerteza

Após a segunda guerra mundial muitos países vivenciaram o surgimento das gerações baby boomers. No Japão, o economista e crítico Taichi Sakaya os apelidou de dankai no sendai.

O fenômeno baby boomers no mundo pós-guerra é resultado de dois fatores: desenvolvimento econômico de bens e serviços e alta taxa de natalidade.

Ou seja, esse boom econômico, riqueza e poder de compra dos cidadãos nunca visto na história proporcionou maior segurança e estabilidade para que as pessoas constituíssem uma família com mais de uma criança.

Gerações

No Japão, a primeira geração de dankai no sendai é definida pelos que nasceram entre 1947 e 1949 (cerca de 8 milhões de pessoas).

A segunda geração dankai no sendai é chamada de dankai junia e nasceu entre 1971 e 1974 (mais de 8 milhões de pessoas).

Dankai no sendai

Pessoas andando na rua

A primeira geração de dankai no sendai cresceu durante o kodo keizai seicho (milagre econômico japonês) em um país se desenvolvendo rápido e agressivamente.

Foram quatro décadas de crescimento econômico, pleno emprego, altos salários e grande otimismo da sociedade japonesa quanto ao futuro de suas vidas e do país.

Fim da era de ouro

Quando os dankai junia (como também são chamados os japoneses baby boomers da segunda geração) vieram ao mundo, chegaram ao final do que pode se chamar era de ouro do Japão.

Colapso

Após os estudos e se formarem no ensino superior, ainda esperançosos de um futuro ainda mais próspero, a economia japonesa colapsou levando milhões de pessoas ao desespero.

Além disso, durante a famosa década perdida – embora economistas do mundo inteiro apontem que foram duas décadas perdidas – esses jovens universitários se viram em meio a um mercado de trabalho apocalíptico.

O pleno emprego deixou de existir e as dificuldades para essa outrora promissora geração apenas começavam.

Pessimismo

Uma entrevista encomendada pelo jornal japonês Asahi Shimbum falou com milhares de dankai junia sobre suas vidas, experiências e perspectivas.

Sem oportunidades

Para quase dois terços dos entrevistados, o Japão não é um lugar que privilegia o indivíduo pelo esforço.  Algumas pessoas sequer conseguiram uma oportunidade de emprego.

Para a maioria dos dankai junia, há uma clara diferença entre eles e pessoas mais novas ou daqueles que nasceram entre 1965 a 1969.

Salário menor

Além da desvantagem competitiva entre as vagas de emprego, o salário da segunda geração é menor em 72% dos casos e preocupações com seguridade social e aposentadoria são presentes na vida de 82%.

Essas experiências negativas no mercado de trabalho e na vida social faz com que 59% dessa geração, que hoje estão na casa dos 40 anos de idade, não quererem ter uma vida longa.

Uma vida de incertezas

Japonesa vestida formal

Uma mulher de 46 anos da província de Kanagawa contou que  sua vida profissional foi um verdadeiro inferno, mas com sua irmã mais nova foi o oposto.

A entrevistada participou de mais de 100 processos de entrevistas precisou lutar com unhas e dentes para conseguir uma vaga durante a era glacial do emprego no Japão.

Já sua irmã entrou para uma grande corporação com certa facilidade. Hoje, a irmã mais nova é casada e tem dois filhos. Ela não tem mais esperanças em formar uma família.

Além disso, seu esforço não foi recompensado. Afirma que se saiu melhor na universidade que sua irmã e detém mais títulos e honrarias. No entanto, isso não foi suficiente para garantir um bom emprego.

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Consequências

Se a realidade encarada pela segunda geração de dankai no sendai é uma tragédia distante para muitas pessoas, o Japão sofre diretamente com as consequências do sofrimento desses japoneses.

Afinal, foi a partir da geração dankai junia que a taxa de natalidade do Japão começou a cair ano após ano e acabou se tornando o problema que é hoje.