Apesar das mulheres bushido terem sido apagadas propositalmente da história japonesa, seus atos permaneceram vivos através de museus, lendas e de quem não deixou que essas guerreiras desaparecessem por completo.
Existem vestígios de ossadas de mulheres guerreiras encontrados em campos de batalhas históricas e relatos de sobreviventes e descendentes que comprovam a participação das onna-bugeisha.
Nakano Takeko
Nakano Takeko nasceu em abril de 1847 e cresceu na era Edo. No entanto, em 1868 o Japão enfrentava uma época de muita violência de uma guerra civil entre o shogunato e o recente governo Meiji.
Mesmo após o shogunato se render as batalhas continuaram por um ano. Na região Aizu, Takeko treinou 20 a 30 mulheres em artes marciais para lutar. Se recusaram a ficar atrás dos muros do castelo pacificamente.
Rendição não era opção
Muitas preferiram morrer a se tornarem prisioneiras. Nakano Takeko, na época com apenas 22 anos de idade, formou uma resistência para proteger o castelo de Aizu.
Ela foi conversar com o líder da brigada, mas ele resistiu em aceitá-las. Naquela época havia uma restrição, pois elas não eram permitidas em campo de batalha e ele demonstrou vergonha em aparecer lado a lado com elas.
Ela não desistiu, o ameaçou e o convenceu a deixar que ela fosse para o campo de batalha lutar com seu exército de mulheres.
Takeko e sua mãe passaram a noite anterior a batalha discutindo o que iriam fazer com sua irmã mais nova, Yuko, de apenas 16 anos.
Pensaram em deixá-la escondida, discutiram formas de não serem capturadas vivas, mas ao final não restou outra escolha a não ser levá-la para a batalha.
Linha de frente
Foram colocadas na linha de frente para proteger o castelo das forças imperiais perto da ponte Yanagi conhecida como Ruibashi (ponte das lágrimas).
Missão suicida
No começo, quando os soldados imperiais viram as mulheres se recusaram a disparar seus rifles.
Seu plano era capturá-las, só que as onna-bugeisha não facilitaram as coisas e lutavam com voracidade. Então, eles se viram forçados a reagir.
O primeiro homem a se aproximar de Nakano Takeko levou um golpe de naginata direto no crânio. Ela lutou como ferocidade e derrubava com sua naginata cinco a seis soldados de uma vez.
Honra
Acabou sendo atingida por uma bala no peito e seu último pedido foi não deixar ser levada como troféu pelos inimigos.
Sua irmã mais nova Yuko ficou com a triste e difícil missão de cortar sua cabeça para que não fosse levada pelas tropas imperiais.
Fim da era samurai
A batalha seguiu intensa por uma semana e ao final Aizu caiu no dia 6 de novembro de 1868. Naquela época, a cada dez homens, uma era mulher no campo de batalha. Cerca de 660 de 4956. No entanto, ali foi o fim da era samurai.
Cabeça e naginata
Sua irmã Yuko conseguiu escapar com a cabeça de Takeko e enterrou embaixo de uma árvore de pinheiro perto do templo Hokai que é conhecido atualmente como Aizubange em Fukushima. Lá ela deixou a arma de batalha de sua irmã também.
Vida de Nakano Takeko
Nakano Takeko estudou matemática, literatura, artes, poesia e manejava sua naginata com maestria. Era corajosa, filha de um oficial de Aizu e escolheu o caminho do bushido.
Treinamento
Recebeu treinamento em artes marciais desde os seis anos de idade e admirava Tomoe Gozen, uma mulher samurai que morreu 600 anos antes.
Seu mestre de artes marciais era Akaoka Daisuke e também seu tutor já que seu pai faleceu. Logo, se tornou instrutora. Treinava oito horas por dia.
Liderou um mini exército Joshitai de 20 a 30 mulheres na batalha de Aizu que incluíam sua mãe e sua irmã mais nova.
Hoje, é possível ver uma estátua em sua homenagem no templo em que sua cabeça foi enterrada e uma festividade acontece anualmente no outono.