Você sabia que o iene (¥) é a terceira moeda mais utilizada nos mercados financeiros internacionais e fica atrás apenas do dólar e do euro?
Embora a moeda corrente do Japão não seja tão forte como a libra esterlina, euro e até mesmo o real, em tempos de crise a moeda japonesa é considerada como um porto seguro para os investidores.
Muitos ativos e reservas internacionais são feitas com base no iene. Não é para menos, afinal, o Japão segue como a terceira maior economia do planeta.
Além disso, é um país com indústria e tecnologia de ponta. No entanto, sua política cambial é considerada por muitos oponentes na arena internacional como desleal (manipulação para controlar o valor).
As primeiras moedas
A utilização de moedas no Japão é tão antiga quanto o próprio país. As moedas Wu Zhu chinesas eram importadas para o Japão antes do período Asuka.
Porém, a partir de aproximadamente 708 o governo japonês decidiu produzir seu próprio dinheiro, a Wado Kaichin (prata) e a Wado Kaiho (bronze).
Esses primeiros protótipos imitavam o peso e o formato de outra moeda chinesa conhecida como Kai Yuan Tong Bao.
Mas após dois séculos e meio o Japão entrou em crise e não foi mais capaz de produzir, logo, o governo voltou a importá-las da China. No entanto, a quantidade não foi capaz de atender a crescente demanda dentro da sociedade japonesa.
Já entre os séculos XIV e XVI surgiram duas novas moedas para atender a demanda do comércio e da economia, Toraisen e Shichusen.
Com os enormes custos das guerras do período Sengoku, tanto o shongun quanto outros daimyos se viram em meio a uma enorme dívida com seus credores.
Para contornar o problema, Toytomi Hideyoshi introduziu as moedas Koshu Kin de ouro, prata e cobre. Elas se tornaram um padrão durante todo o período Edo (1603-1868).
Mas ao final do período Edo – transição para a era Meiji (1868-1912) – o sistema financeiro criado pelo shogunato se tornou complexo demais e insustentável.
Iene, tão bom quanto ouro
A economia do Japão estava beirando ao caos quando o Imperador Meiji criou o iene em 1871 com a Lei da Nova Moeda, um modelo que se espelhava no padrão das grandes potências do século XIX.
As primeiras notas entraram em circulação durante o período Meiji, já que durante o período Edo algumas notas foram impressas, mas nunca foram lançadas.
Em sua criação o iene tinha como lastro financeiro o ouro. Ou seja, o valor do iene estava diretamente ligado ao valor do ouro.
Durante algumas décadas o valor do iene era tão imponente, quanto a moeda de qualquer outra nação europeia ou dos EUA, talvez, até mais forte.
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A decadência do iene
Após o Japão assinar a rendição incondicional na segunda guerra mundial, a força do iene foi se deteriorando com o tempo.
A partir de 1949 a moeda japonesa passou a ser vinculada com o dólar americano. Na ocasião, um iene equivalia ao dólar.
Porém, o EUA deixou de lastrear sua moeda com o ouro a passou a usar commodities de energia, ou seja, petróleo, o petrodólar.
Desde então (1973), o governo japonês intervém diretamente na flutuação do valor de sua moeda para se tornar mais atrativa e competitiva no cenário internacional.