Uchiyama Gudô foi a prova viva de que ser budista não é sinônimo de ser tranquilo. Ao contrário, esse monge foi um terrorista que se propôs a matar o Imperador.
Mas, não pense que seus planos era de alguém que queria chamar a atenção ou por leviandade. Ele tinha como objetivo acabar com o sofrimento do povo japonês. Porém, seus planos não deram certo e ele acabou tendo de enfrentar os tribunais do Império do Japão.
Conheça mais aqui sobre eles, sobre os seus propósitos e como um monge budista por tomar uma atitude drástica como essa.
Uchiyama Gudô: um monge japonês
Gudô nasceu em 1874 e pertencia à corrente Soto Zen, uma das mais tradicionais do Japão.
Mas, antes de se tornar um sacerdote, ele já se destacava em meio as outras pessoas. Quando criança, aprendeu com seu pai o ofício de esculpir estátuas de madeira, incluindo estátuas budistas e altares familiares. Quando estudante, recebeu um prêmio municipal por excelência educacional e foi influenciado por Sakura Sōgorō.
Gudō foi ordenado sacerdote Soto Zen em 1897. Ele tinha apenas 23 anos. Assim, ele se tornou o abade do templo Rinsenji na região rural das Montanhas Hakone em 1904, completando assim seus estudos Zen.
Entre suas ações na cidade, estava a ajuda constante às famílias pobres. Assim, no outono, ele distribuía a colheita das árvores do templo para as famílias locais.
A partir de suas reflexões sobre o zen budismo, começou a considerar que a fome era um dos maiores problemas da sociedade. E esse problema era causado pela propriedade privada. Dessa maneira, passou a sugerir um estilo de vida que fosse comunitário.
Logo ele se envolveu com socialistas e anarquistas japoneses por conta de seus pensamentos.
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Uchiyama Gudô: um terrorista japonês
Depois que a perseguição do governo empurrou os movimentos socialistas e anti-guerra no Japão para a clandestinidade, Gudō visitou Kōtoku Shūsui – um anarquista japonês – em Tóquio em 1908.
Na ocasião, ele comprou equipamento que mais tarde usou para montar uma imprensa secreta em seu templo. Gudō usou o equipamento de impressão para produzir panfletos e tratados socialistas populares e também para publicar alguns de seus próprios trabalhos.
Em um de seus escrito dizia que a família imperial não era divina. Mas sim que era um grupo de ladrões que colocou o seu poder sobre os outros.
Resultante da popularidade das publicações subversivas de Gudō, ele foi preso em maio de 1909 e acusado de violar as leis de imprensa e publicação. Depois de pesquisar Rinsenji, a polícia afirmou ter encontrado materiais usados para fazer artefatos explosivos.
Como resultado, Gudō foi ligado ao Incidente da Alta Traição, no qual 12 supostos conspiradores foram condenados e executados por conspirar para assassinar o imperador em 1911.
Uchiyama Gudô foi executado pelo Império Japonês.