Após 10 anos pagando impostos, brasileira no Japão escutou do governo: “volte para seu país!”

Uma brasileira no Japão de 41 anos recebeu uma falsa explicação de que os estrangeiros não são elegíveis para assistência pública e foi informada: “Você deveria voltar para o seu país”, quando ela tentava se inscrever para o bem-estar em uma prefeitura no centro do Japão.

A mulher, que é brasileira descendente de japoneses, recebeu informações falsas e  comentários abusivos na Prefeitura de Anjo, na província de Aichi, em novembro de 2023. Embora posteriormente tenha conseguido receber benefícios com a ajuda de apoiadores e outras partes, ela comentou: “Estou preocupada que outros estrangeiros estejam enfrentando o mesmo problema”.

Brasileira no Japão é alvo de preconceito

Segundo a fonte, a mulher veio para o Japão há cerca de 10 anos. Seu marido de 42 anos trabalhava em uma fábrica de autopeças na província de Aichi, mas perdeu o emprego em meio à pandemia de COVID-19.

Embora trabalhasse meio período desde então, ele foi preso por dirigir sem carteira de habilitação, entre outras acusações, e a família perdeu sua renda.

A mulher que mora com seus dois filhos – um aluno do ensino fundamental e um de 1 ano de idade – visitou a prefeitura com um conhecido em 1º de novembro de 2022 para solicitar assistência social.

No entanto, o funcionário do balcão de informações indeferiu o pedido após fornecer informações falsas, como “a assistência pública não é oferecida para estrangeiros” e “seu visto de entrada será revogado se seu marido for preso”. Ela também foi informada: “Não podemos ajudá-la com nada” e “Você deveria voltar para seu próprio país”, e aparentemente foi instada a consultar a Agência de Serviços de Imigração do Japão e seu consulado.

A mulher conseguiu se candidatar ao auxílio público no final de novembro, com a ajuda de um advogado e outros apoiadores. No entanto, o funcionário da prefeitura aparentemente exigiu que a mulher usasse os benefícios do bem-estar para cobrir o aluguel não pago de moradias administradas pela prefeitura e pagar os empréstimos especiais COVID-19 do governo.


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A situação da brasileira no Japão e a ajuda que pode receber

A Lei de Assistência Pública especifica que “cidadãos que vivem na pobreza” são elegíveis para assistência social, e isso também se aplica a estrangeiros que são residentes permanentes ou de longa duração. A brasileira tem cartão de residência no Japão.

Durante esse tempo, a mulher criou seus dois filhos com comida e leite que recebia de uma conhecida e de outras pessoas. Em lágrimas, ela disse: “Não tive escolha a não ser fazê-los beber leite diluído duas vezes mais do que o normal e, no final, era como água pura. Isso foi a coisa mais dolorosa”.

Em 22 de dezembro, ela recebeu benefícios sociais e o supervisor responsável apresentou um pedido de desculpas. A mulher disse: “Fui encurralada emocionalmente e fiquei com medo de ir à prefeitura. Quero que os estrangeiros sejam vistos como seres humanos também”. Suas bochechas estavam coradas quando ela disse: “Não consigo entrar no clima (para comemorar o Natal).”

Quando questionado sobre o assunto, o governo municipal de Anjo disse ao Mainichi Shimbun: “Trata-se de informações pessoais e não podemos fornecer nenhuma resposta”.