A vida em sociedade no arquipélago japonês é muito mais antiga do que o próprio país. Os primeiros habitantes históricos são do período Jomon, uma era de 16.500 anos atrás.
Durante esse período, os habitantes pré-japoneses eram caçadores-coletores como a maioria dos povos primitivos. No entanto, no Japão havia uma vida social complexa e organizada.
Existem uma série de museus no país com muitos fragmentos e relíquias desse povo tão misterioso, afinal, eles dominavam técnicas consideradas muito incomuns para o período. Continue acompanhando o artigo para saber mais sobre os povos pré-japoneses.
Caçadores-coletores avançados
Durante esse período que se estende de 16.500 anos há 3 mil anos, os nativos do arquipélago japonês passaram muitos milênios sem desenvolver agricultura ou criação de animais.
Sabe-se que essas sociedades utilizavam cães para caçar e cultivaram algumas plantas úteis para alimentação, como feijão, soja e urushi (laca-japonesa).
Cultivo de arroz
Apesar desse pequeno cultivo, não houve um avanço tecnológico na agricultura da região até o período final da era Jomon quando começou o processo de cultivo de arroz nos campos.
Técnicas avançadas
No entanto, mesmo com essas adversidades, os nativos foram capazes de dominar técnicas avançadas de cerâmica e construção com edificações de madeira.
Além disso, também eram mestres na arte da tecelagem. Todo esse saber produziu uma vasta gama de objetos e utensílios.
Assentamentos Jomon
Embora a maioria dos povos primitivos fossem caçadores-coletores nômades, o povo Jomon construiu assentamentos que chegavam a dezenas de casas e permaneciam nesses locais por longos períodos dada a realidade da época.
Tirando o fato de que isso é considerado extremamente raro entre os povos primitivos do mundo, existia uma rede ligando os diversos assentamentos espalhados pelo arquipélago.
Estudiosos acreditam que essa rede era possível graças a união de pessoas de diferentes assentamentos. A partir desse entendimento conjunto, o comércio passou a existir na região.
Comércio
Com os assentamentos interligados pelo casamento entre os líderes dos povoados, o comércio de alimentos como peixe, mariscos, carnes, castanhas, além de pedras preciosas, utensílios e adornos eram possíveis.
Estudos apontam que para manter essa logística, provavelmente, existiam redes de distribuição para produtos e mercadorias.
Hierarquia
A distinção de importância entre os indivíduos era verificável pelos adornos de pedras preciosas. Além disso, estudos recentes sobre a vida dos povos originários sugere que tatuagens e modificações corporais, como afiar os dentes eram outro distintivo hierárquico entre os povos.
Espiritualidade
Uma rica espiritualidade era presente no cotidiano dos povos Jomon. Dogū, a deusa Vênus do Japão é divindade mais conhecida dessas sociedades.
Orações eram dedicadas a essa divindade feminina que era representada por uma mulher nos últimos estágios da gestação. Eles pediam proteção, cura de ferimentos e doenças.
Um artefato descoberto em Tsugane-goshomae, província de Tamanashi, aponta que os povos pré-japoneses acreditavam em vida após a morte.
Trata-se de uma urna funerária para bebês que morriam logo após o parto ou poucos dias depois. As mães rezavam em rituais para que seus filhos voltassem a vida e os colocavam na cerâmica.
Além disso, tinham a cultura de enterrar seus mortos, criavam uma espécie de altar em círculos com pedras e realizavam rituais.
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Ainda existem muitas lacunas para serem respondidas para saber como era a vida cotidiana dessa civilização ou (pré-civilização) tão avançada que até mesmo relógio solar desenvolveu.
Também há muitas perguntas para saber como esse povo migrou para o que hoje é o Japão.
De acordo com Yamada Yasuhiro, professor da Tōkyō Kokuritsu Hakubutsukan (Museu Nacional de História do Japão), a migração ocorreu há cerca de 38 mil anos com nômades da China, península coreana, Rússia Oriental e Sakhalin.
Mais evidências ajudam a montar esse imenso quebra-cabeças que durou mais de 13 mil anos. No entanto, considerando que a escrita só foi implementada no Japão a partir do século 6 depois de Cristo, é um trabalho árduo para os arqueólogos e historiadores saberem mais sobre o povo Jomon.