Shindo Renmei: os japoneses terroristas no Brasil que matavam os “derrotistas”

A Shindo Renmei foi uma organização montada por japoneses imigrantes no Brasil e que tinha como objetiva negar que o Japão havia perdido a II Guerra Mundial.

Assim, preocupavam-se tanto em fazer propaganda em nome do Japão Imperial, como também perseguiam qualquer japonês que tentasse dizer que a guerra havia acabado com a rendição do país.

Essa organização nacionalista executou vários outros japoneses e estampou os jornais do interior de São Paulo na metade do século XX. Conheça aqui algumas informações sobre eles e saiba mais sobre essa desconhecida história da imigração japonesa no Brasil.

A formação da Shindo Renmei

O povo japonês sempre foi conhecido por seu nacionalismo e também por sua defesa ao sistema Imperial japonês. Assim, durante a II Guerra Mundial, essa foi uma das marcas dos japoneses, e de onde se conhece histórias de lealdade como a dos kamikaze.

No Brasil algo também aconteceu com os imigrantes. Muitos deles se recusavam a acreditar que o Imperador havia assinado a carta de rendição. Também não acreditavam que havia tido um ataque com uma bomba tão poderosa como as de Hiroshima e Nagasaki que devastaram milhares de vidas em minutos.

Entretanto, a história da Shindo Renmei data de antes do término da II Guerra Mundial. Como se sabe, ela foi criada após um confronto entre japoneses e brasileiros na cidade de Marília no ano de 1942. Um dos envolvidos na briga era Junji Kikawa, um ex-combatente do exército, e que tornou-se o fundador da Shindo Renmei, cuja tradução pode ser Liga do caminho dos súditos.

A Shindo Renmei tinha até mesmo um jornal próprio que enviava para os seus integrantes. Neste continha fotos montadas com notícias falsas afirmando que o Império Japonês estava vencendo a guerra.


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As ações terroristas

A sede da Shindo Renmei era no bairro da saúde na cidade de São Paulo. Com as notícias a respeito da rendição no Japão no ano de 1945, uma parte do grupo resolveu matar aqueles que chamavam de makegumi, ou seja, os derrotistas.

Porém, antes de assassinar essas pessoas, o grupo mandava uma carta pedindo para que eles se suicidassem no ritual do seppuku. Neste, se faz um corte na própria barriga.

Mas, muitos japoneses se recusavam a fazer tal ato. Assim, a organização agia assassinando os japoneses derrotistas, muitas vezes, na frente de seus familiares.

Assim, a Shindo Renmei matou dezenas de pessoas entre 1945 a 1947, e feriu mais de uma centena.

Diante do aumento dos ataques e, por vezes, como os alvos eram brasileiros, os japoneses no Brasil passaram a ser identificados como terroristas em algumas cidades do interior de São Paulo.

O caso só teve fim após investigações do DEOPS que levou a expulsão de muitos japoneses da Shindo Renmei e a condenação de muitos por assassinato.

A história da organização é contada no livro de Fernando Morais em Corações Sujos e também no livro de Jorge Okubaro, O súdito? banzai, Massateru.