Kamikaze é uma das palavras japonesas mais conhecidas mundo afora. Geralmente ela é associada aos pilotos da força aérea imperial do Japão da segunda guerra mundial.
Mas você sabe qual é a origem da palavra Kamikaze no Japão? Antes de chegar lá, vamos repassar um pouco alguns pontos históricos mais recentes.
Kamikazes – os pilotos de combate da força aérea imperial do Japão
Muitas pessoas acreditam que todo piloto japonês era um suicida, o que não é verdade.
Na verdade, todos eram potenciais suicidas, mas esse era um último ato de guerra quando um avião conhecido como “zerinho” (Mitsubishi A6M3 Zero) sofria danos irreparáveis e não poderia retornar a base.
Como um último sacrifício ao Japão e ao imperador, os aviões eram jogados em cima de alvos militares inimigos.
O que é importante ter em mente quando se trata da força aérea imperial do Japão é que aviões não são baratos.
Além disso, países em guerra tinham gastos demais para se darem ao luxo de destruir suas forças por razões banais.
Contudo, é verdade que ao final da guerra, após a derrota dos países do Eixo, isto é, Alemanha e Itália (principalmente, afinal existiam outros países aliados como a Dinamarca), esse tipo de ação se tornou mais comum.
Como o Japão foi o último país a se render, muitos aviões não teriam combustível o suficiente para realizar as missões e retornar para as bases aéreas.
Além disso, o exército japonês estava preparado para enfrentar seus inimigos em solo japonês. Porém como os estadunidenses nunca chegaram a desembarcar nas ilhas principais, a guerra foi decidida com armas nucleares.
De acordo com registros históricos, os oficiais americanos estimaram que um desembarque militar nas ilhas principais do Japão, causariam ao menos um milhão de baixas nas forças armadas estadunidenses.
Agora que esclarecemos melhor alguns aspectos sobre o dever dos pilotos de combate japoneses, precisamos voltar para o Período Kamakura.
A gigante ameaça do leste
A história do Japão é, entre outras coisas, forjada a sangue e luta. Basta olhar qualquer recorte anterior a segunda guerra mundial para perceber que os conflitos internos e o intento expansionista sempre estiveram presentes.
Porém entre as décadas de 70 e 80, no século XIII uma ameaça continental se aproximava do Japão. O imenso império mongol do então imperador Kublai Kahn.
O império mongol era vasto. Aliás, foi segundo maior império do mundo. Apenas atrás de Átila o Uno, que começava na Europa Oriental e terminava na China e na península coreana.
Após derrotarem e conquistarem a China, Kublai Khan escreveu pessoalmente a corte japonesa em 1266. Ele exigia que eles o reconhecessem como seu suzerano.
Dentro da mensagem também havia uma intimação com a seguinte frase: “Ou será que alguém prefere recorrer a guerra?”
Naturalmente a proposta foi categoricamente rejeitada pelos japoneses. Afinal, invadir o Japão não era uma tarefa fácil. A geografia favorecia a terra do sol nascente.
Black Flag
Enquanto as tensões entre o Japão e o poderoso império mongol se tornavam cada vez mais intensos, grupos de piratas começaram a atacar as vilas da costa japonesa.
A maioria desses piratas eram compostos por chineses, coreanos e japoneses. Afinal, os japoneses conheciam as melhores rotas. Além disso, sabiam quais eram os locais mais vulneráveis aos ataques.
Apesar dos esforços dos piratas, os daymos e samurais conseguiram defender o Japão das investidas dos piratas.
1274 – Primeira onda
O ano é 1274, o local é a ilha de Tsushima. Era um ponto mercantil estratégico para o Japão. Ali começara o início da campanha militar empreendida por Kublai Khan.
A assombrosa força militar enviada pelo império mongol a pequena ilha encontrou uma resistência de pouco mais de 200 samurais liderados por So Sukekuni.
Embora tenham lutado com bravura, o número dos invasores era grande demais para ser derrotado.
Além disso, outros alvos dos invasores foi a ilha de Ikishima. O destino da ilha foi semelhante ao de Tsushima e a resistência japonesa lutou até o último homem. Porém foram derrotados.
Mas o real desembarque no Japão aconteceu ao sul de Kyushu, onde hoje é a cidade de Hakata.
Embora a resistência japonesa tenha sido impressionante, o que realmente causou a derrota das forças mongóis do país foram problemas internos com insurgentes chineses.
Uma drástica mudança
Uma grande dificuldade encontrada pelos guerreiros japoneses eram os métodos de luta completamente diferentes.
Enquanto os japoneses preferiam combate corpo a corpo de um contra um, os mongóis lutavam com grandes números e atacavam o mesmo alvo em conjunto.
Isso obrigou as classes guerreiras do Japão a repensarem suas estratégias de combate. Além disso, tiveram que implementar um modo de luta unificado.
Essa mudança gerou grandes baixas nas forças invasoras, já que a habilidade dos japoneses sempre foi excepcional.
Sem reforços e frente a um oponente formidável, aos invasores em solo japonês haviam duas opções: ficar e morrer ou voltar para os barcos e fugir.
A maioria preferiu a segunda opção. Porém quando entraram nos barcos para voltar para o império mongol, uma enorme tempestade surgiu e afundou muitas embarcações.
Kamikaze – o protetor do Japão
Embora os invasores tivessem batido em retirada, os japoneses sabiam que o retorno do inimigo era só uma questão de tempo.
Após os insurgentes chineses serem derrotados em 1279, Kublai Khan voltou-se novamente para o Japão com uma ambição militar ainda mais brutal que a de 1274.
Porém os japoneses estavam mais preparados para enfrentar os mongóis. Agora o ano é de 1281 e uma gigantesca armada se aproximava da costa japonesa.
Além disso, para lidar com a situação, pequenos e velozes barcos japoneses foram em direção ao inimigo durante a noite.
Em uma notável batalha, um grupo de 30 samurais invadiu um navio mongol. Além disso, decapitaram toda a tripulação e jogaram as cabeças no mar.
O preparo dos guerreiros japoneses abalou a moral dos invasores. Porém o fatídico dia da derrota das forças de Kublai Khan não viera pela mão dos japoneses.
No dia 15 de agosto uma tempestade com tufões de proporções bíblicas atingiu a gigante frota da armada mongol. Isso causou destruição e morte dos invasores.
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Kamikaze é traduzido literalmente como Deus do Vento. Monges budistas acreditam que as orações somados a cooperação entre os samurais deu forças para a intervenção divina (Hachiman- deus da guerra) contra o agressor.
Desde então, a palavra Kamikaze se tornou um sinônimo de uma divindade protetora do Japão. Além disso, a alusão é feita ao Kami Hachiman.
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