Conheça a arte marcial da polícia japonesa para evitar o uso de armas de fogo

Uma das maiores exportações culturais do Japão são suas artes marciais: caratê, judô, aikido, kendo. Antes do anime ficar realmente grande e mundialmente conhecido, as artes marciais japonesas foram uma das grandes atrações que levaram os ocidentais a dizer: “eu quero me mudar para o Japão!”

Afinal de contas, basta lembrar das cenas do filme de Karatê Kid que faziam qualquer jovem ou criança querer conhecer o país.

Assim, além das noções românticas das artes marciais japonesas como algum tipo de caminho para a iluminação ou auto realização, elas ainda têm muitas aplicações práticas.

Dessa maneira, os policiais japoneses são um grupo de pessoas que ainda incorporam as artes marciais em seu trabalho diário.

A polícia a japonesa e sua arte marcial

A polícia japonesa trabalha em um ambiente muito diferente, com um conjunto diferente de ferramentas e expectativas do que, digamos, os policiais americanos e brasileiros.

Usar uma arma no Japão, mesmo se você for um policial, acarreta consequências incríveis. Há uma burocracia enorme e será necessário fazer uma série de justificativas para ter usado a arma. Então, não é surpresa que a polícia tenha um amplo arsenal de métodos menos letais para render os criminosos.

Nesse arsenal está uma arte marcial conhecida como taiho-jutsu (逮捕 術), que se traduz literalmente em “técnica de prisão”. É usado pela polícia, guarda imperial, Força de Autodefesa Japonesa e praticamente todas as agências militares e policiais japonesas.


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A arte marcial taiho-jutsu e a polícia japonesa

A aplicação da lei japonesa usa as artes marciais há muito, muito tempo, mas o taiho-jutsu moderno não começou a tomar forma até depois da Segunda Guerra Mundial, por volta de 1947. O Japão do pós-guerra era mais ou menos inteiramente governado pelas forças de ocupação dos Estados Unidos, o que colocou algumas restrições na forma como a polícia japonesa operava, incluindo a limitação do uso de força física e artes marciais tradicionais.

No início, isso causou problemas. Afinal de contas, o país estava em ruínas e agitação, e limitar a polícia significava que eles tinham dificuldade em manter a ordem.

Felizmente, os policiais japoneses transformaram limões em limonada e aproveitaram a oportunidade para construir basicamente uma nova arte marcial do zero.

Se você conhece o Krav Maga, a arte marcial desenvolvida pela polícia e pelos militares israelenses, então você tem uma boa ideia do que se trata o taiho-jutsu. Ambos foram desenvolvidos para militares e policiais, e ambos são construídos a partir de outras artes marciais.

O Taiho-Jutsu, ao contrário do Krav Maga, teve o benefício de ser criado em um local com uma forte tradição de artes marciais. Quando a polícia de Tóquio estava em processo de criação de taiho jutsu, reuniu mestres de muitas artes marciais diferentes, incluindo judô e kendô, além de especialistas em combate armado.

A arte marcial que foi criada no pós-guerra existiu desde então, com pequenas revisões ao longo do caminho. Ele incorpora várias formas de desarmar as pessoas com combates corpo a corpo, além de usar cassetetes e, Deus me livre, armas de fogo.

Quando a polícia japonesa não está estabelecendo a lei contra possíveis criminosos, eles praticam e exibem suas habilidades em lutas de exibição entre policiais. Não só é bom trabalhar a agressão contra colegas de trabalho em um ambiente de sanção, mas essas exibições têm a vantagem adicional de fornecer aos oficiais o incentivo para treinar mais duro para vencer seus colegas.

Adaptado de Tofugu.