Os desafios para os mestiços no Japão

Os mestiços no Japão são normalmente referidos como hafu, que significa que é alguém “meio japonês”, meio “qualquer outra nacionalidade”.

Entretanto, a sociedade japonesa ainda está se adaptando a essa miscigenação. Assim, em alguns casos, os mestiços podem não ser muito bem aceitos. Mas, vale ressaltar que isso não é algo que todos os japoneses não aceitam bem, porém, alguns mestiços relatam que passaram por experiências que demonstram uma certa falta de aceitação por alguns japoneses.

Conheça mais um pouco aqui sobre como são os mestiços no Japão.

Mestiços no Japão

Para tentar acabar com um certo preconceito que existe para com os mestiços, algumas pessoas estão querendo mudar o termo hafu. Eles são contra este termo e pedem a outros que os chamem de daburu (duplo). Para eles, daburu representa culturas e heranças étnicas que os tornam quem são.

Eles ouvem a palavra hafu e pensam que isso os faz soar como meia pessoa. Porém, essa discussão está longe de um consenso. Outros preferem hafu, pois tende a ser associado aos estereótipos kawaii (fofo) ou kakkoii (legal) no Japão. Estereótipos comuns incluem a expectativa de que tenhamos uma aparência multirracial invejosa e a capacidade de falar vários idiomas.


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Mestiços no Japão: o relato de uma mestiça

O site Savy Tokyo publicou um relato de uma mestiça no Japão – pai britânico e mãe japonesa – a Tabitha Wilders.

Confira algumas das experiências pelas quais ela passou e como em alguns momentos podem haver sérios desafios para os mestiços no Japão:

“Uma vez, ouvi duas japonesas fofocando sobre minha roupa, descrevendo-a como “única” (garanto, não de um jeito legal) e que meus sapatos não podiam ser do Japão porque não era um estilo que os japoneses usariam vestir. Em vez de fingir que não conseguia entendê-los, disse “com licença” em japonês e passei. Então me virei e acrescentei: “Comprei esses sapatos no Japão. Eles estão à venda na [loja japonesa]”, sorriu, e saiu. A cara delas quando perceberam que eu tinha entendido tudo o que eles falaram, nunca vou esquecer!

(…)

Desde a maneira como me visto até a maneira como ando e falo, as pessoas sempre tiveram e provavelmente sempre terão algo a dizer. A maneira como fui criado provavelmente me torna mais extrovertido e franco do que o japonês médio. Fui constantemente lembrado disso, muitas vezes me disseram “ gaijindane (você realmente é um estrangeiro)” devido à minha personalidade. Se eu fizer algo um pouco diferente, é a mesma resposta: “ gaijin dakarane (afinal, você é um estrangeiro)”.

Ouvir inúmeras vezes “ kiga tsuyoiine (você tem uma personalidade forte)” – nunca na forma de um elogio – e “ kawaiiku naine (sua personalidade não é fofa)” cobra seu preço. Sinto a pressão para agir de maneira diferente e às vezes me pego assumindo uma personalidade tímida para me encaixar. Acho difícil ser eu mesmo com medo de ser julgado ou de ouvir outro comentário negativo. Você pode imaginar como isso pode ser cansativo.”

Fonte: Savy Tokyo.