Gravidez secreta no Japão: por que mulheres estão dão a luz em segredo?

A gravidez secreta no Japão é uma realidade. Por mais que você possa achar que esconder uma gravidez é algo impossível, mas japonesas já estão tendo de lidar com essa realidade há muitos anos.

Mas, por que isso tem de acontecer? Ser uma mãe solteira no Japão não é algo bem visto. Enquanto em alguns países ser uma mãe solteira pode ser um símbolo de superação, no Japão é algo vergonhoso. E, muitas mulheres não conseguem lidar com essa vergonha social e acabam tendo seus filhos de maneira secreta e os colando para adoção.

Conheça mais aqui sobre essa dura e triste realidade no país.

Gravidez secreta no Japão

Uma coisa é fato: a sociedade japonesa como um todo, menospreza as mães solteiras. E isso não é somente culturalmente, mas nas empresas isso acontece. Dessa maneira, as mulheres que possuem filhos têm maior dificuldade em achar um emprego que seja de tempo integral (ou seja, que pagam melhor) e até mesmo possuem dificuldades para conseguir alugar uma casa.

Quando uma mulher engravida e está solteira, os seus pais se sentem envergonhados. Em alguns casos, eles a desprezam completamente, sem fornecer qualquer rede de apoio diante da situação em que ela está prestes a enfrentes.

E no caso da mulher engravidar por violência doméstica, ela também é culpabilizada. E o aborto é algo fora de questão, já que ela precisa da autorização do cônjuge para realizar o procedimento. Vale ressaltar que trouxemos essa informação enquanto um dado, não enquanto um posicionamento a favor ou contrário ao aborto.

Assim, se uma mulher engravida e é solteira, ela terá de lidar sozinha com a gravidez. A maioria delas dá a luz a seus filhos. Mas, em casos extremos, o desespero leva as mulheres ao impensável: abandonar seus recém-nascidos.

Portanto, mais do que culpabilizar essas mulheres, é preciso ver a relação em que ela está. Ou seja, a própria sociedade não a aceita.


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Gravidez secreta no Japão, o caso das mulheres que precisam por os filhos para adoção

Hasuda é o ginecologista-chefe do Hospital Jikei, na província de Kumamoto, no sul do Japão. Em 2007, o hospital fundou uma das primeiras incubadoras de bebês do Japão, que permitia que as mulheres deixassem seus bebês anonimamente, como informou uma matéria publicada no site Vice.com.

Nesse hospital, desde 2019, as mulheres podem deixar seus filhos para adoção de forma anônima.

As pacientes que optam por partos confidenciais não arcam com despesas médicas e só precisam compartilhar seu nome e identificação com um membro da equipe. Seus recém-nascidos são levados para agências de adoção.

Assim, mais do que julgar essas mães, essa é uma possibilidade que elas possuem para que não se sintam fora dessa sociedade. Mas, é fundamental que a sociedade japonesa passe a aceitar e a reconhecer a superação de uma mãe solo.