Na língua japonesa usa-se 3 sistemas de escrita: Hiragana, katakana e kanji.
Hiragana e katakana são o sistema fonético, sendo que o primeiro surgiu da simplificação de kanji e o segundo dos radicais, e é utilizado para escrever palavras de origem estrangeira.
Kanji foi o sistema de escrita adotado dos chineses pelos japoneses, são ideogramas que representam uma ideia, cada um possui um significado único e próprio.
Quando iniciado na língua japonesa foi mais ou menos assim que você aprendeu, certo?
E ao ser apresentado aos kanji quase caiu pra trás, de repente aquele monte de “tracinho” e jamais vou conseguir memorizar isso aí costuma ser a sensação que muitos têm diante desse sistema de escrita.
Sim, é difícil, porque são muitos, e cada um significa uma coisa, e quando juntos formam novas palavras que parecem significar algo totalmente diferente… Mas arrisco dizer que é também a parte mais interessante e emocionante de aprender a língua japonesa.
Neste artigo vou contar qual a melhor forma de aprendê-los para que você também os veja com o mesmo fascínio que eu e fique cada vez mais interessado em conhecê-los melhor.
Estudar Kanji
Kanji é o único sistema de escrita em que cada “letra” possui um significado. Já foi provado pela neurociência que a área do cérebro que entra em atividade quando uma pessoa escreve kanji é bem maior do que quando escreve em letras do alfabeto, por exemplo; e que estudar kanji pode prevenir alzheimer.
O problema é que são ensinados de forma maçante e sem sentido, o que leva os estudantes a acreditarem que eles não passam de um mal necessário, em vez de apreciarem o processo e se sentirem incentivados a irem cada vez mais além.
Para começar, a maioria dos cursos e livros ensinam kanji da mesma maneira que são ensinados na escola japonesa: Por ordem de complexidade do significado. Começam com os de significado simples, os que representam a natureza como montanha, água, fogo, sol.
Por isso, você pode acabar aprendendo um kanji com muitos traços primeiro e depois outro de traços mais simples, porém com significado abstrato.
Acontece que adultos já são capazes de compreender conceitos abstratos, então essa forma de aprender não faz sentido nenhum.
E existe a forma mais lógica de aprender, que é pelos radicais.
Bushu
Radicais, em japonês chamados 部首(ぶしゅ・BUSHU) são partes do kanji que juntas, compõem o todo.
Alguns radicais são o próprio kanji, com o seu significado, e em outros casos, formas modificadas dele. Na forma modificada, se usados sozinhos não possuem significado algum.
Por exemplo
O kanji de água é esse.
E este é o radical de água, que não pode ser utilizado sozinho pois ficaria sem sentido.
Um kanji pode ser aparecer sozinho e ter significado dentro de uma frase, como em 日 (ひ・Hi・Dia)
昨日 は いい 日 でした
きのう は いい ひ でした
Kinoo wa ii hi deshita
Ontem foi um dia bom
E às vezes ele pode fazer parte do todo de um outro kanji, atuando como radical.
春 (はる・HARU / Primavera)
Mas para quê entender e aprender esses radicais?
Ao se deparar com um kanji desconhecido, é possível ter uma ideia de seu significado ao observar os radicais que o forma.
Parece um pouco com o português quando tentamos entender uma palavra pelos prefixos ou sufixos.
Por exemplo:
- INTER = Entre
- NACIONAL = Relativo à Nação
- INTERNACIONAL = Entre nações
Faz total sentido, certo?
Vamos ver como isso faz sentido para os kanjis também:
Este é o radical de enfermidade
病 Esse é o kanji de doença
症 Este é o kanji de sintomas
痢 E este é o kanji de diarréia
Percebe como todos são escritos com o mesmo radical?
Em muitos casos, ao relacionar os radicais com o significado do kanji em si, não fará sentido algum. No caso do kanji de lago, por exemplo.
Ele é composto pelo radical de água +antigo + lua = 湖 (みずうみ / Mizuumi / Lago)
A água tudo bem, mas o que tem a ver o antigo e a lua com lago? Não é nada óbvio, mas aí vem outra parte interessante de aprender e estudar kanji: Descobrir a etimologia, a origem da formação de cada desenho, e compreender como as pessoas antigamente pensaram para chegarem a esses resultados é, no mínimo, muito divertido.
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Aprender os radicais se torna uma ferramenta eficiente na memorização dos kanji. Conhecendo os básicos, é possível fazer associações.
Um exemplo prático seria o kanji de LEITURA
読 Ler, leitura
言 Na parte da esquerda há o kanji de FALAR funcionando como radical
売 Na parte direita há o kanji de vender
Leitura / ler = Fala vendida. Faz sentido? Talvez não, mas é uma forma de associar e memorizar.
Não existe uma fórmula mágica para estudar kanji ou qualquer outra coisa, mas esse truque dos radicais é um excelente começo. E kanji é assim: quanto mais aprender e fizer sentido, mais vai ficar interessante e mais vai dar vontade de continuar.
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