Quais as possíveis razões para a queda vertiginosa na população de borboletas no Japão?
Nos campos da zona rural do Japão, acredita-se que existem 87 espécies de borboletas. Destas, de acordo com uma pesquisa recente, verificou-se que a população de 40% delas diminuiu vertiginosamente.
Pesquisa da vida selvagem
Desde 2003, o Ministério do Meio Ambiente do Japão conduz, através do Centro de Biodiversidade do Japão, uma pesquisa que analisa a fauna silvestre em 1000 áreas ao redor do Japão.
No período de dez anos (entre 2008 e 2017), foram pesquisados 50 áreas de habitat de borboletas por ano. As descobertas, no entanto, foram terríveis: 34 espécies correm o risco de serem extintas. Estas espécies foram alocadas na “Lista Vermelha” do Ministério.
Razões para o desaparecimento das borboletas do Japão
Infelizmente os pesquisadores ainda não sabem exatamente o que está causando o drástico declínio nas populações de borboletas.
Uma das possíveis razões apresentadas foi a diminuição das paisagens de satoyama e a diminuição da flora silvestre.
Satoyama (里山)
No passado, grande parte do Japão rural era conhecido por satoyama. O conceito em si tem várias definições e daria um post imenso apenas sobre isso. Então, resumidamente, diremos apenas que este termo é aplicado à zona ou área de fronteira entre o sopé das montanhas e as terras planas cultiváveis. Satoyama foi desenvolvido através de séculos de agricultura em pequena escala e do uso dos recursos da floresta. Sato (里) significa vila e yama (山) significa colina ou montanha.
Causas da diminuição do Satoyama
As áreas de satoyama tem desaparecido devido à mudança drástica no uso de recursos naturais, que foi de carvão e lenha para petróleo, e a mudança no uso de compostagem para fertilizante químico.
Além disso, o problema do envelhecimento na sociedade japonesa também contribui negativamente, porque há cada vez menos pessoas dispostas a trabalhar nesses locais (ao longo dos anos houve uma queda drástica no número de residentes em áreas rurais).
Fatores econômicos e o avanço das cidades para as áreas de satoyama também são causas.
E como causalidade final do desaparecimento de satoyama, temos o fato de que as florestas secundárias dominadas por pinheiros estão sendo cada vez mais destruídas desde que uma doença devastou estas florestas na década de 1970.
Como consequência do desaparecimento do ecossistema de satoyama, muitos animais selvagens que habitam essas áreas entraram em risco.
E é aqui que entram as borboletas.
Como a borboleta habita estágios iniciais de um ecossistema, ela é um bom termômetro para indicar as consequências que a destruição de um habitat pode causar.
Leia também
- Ratos de Kyushu: tesouro nacional e com risco de desaparecer estão comendo flores de sakura
- Empresa japonesa cria bolsas a partir de guarda-chuvas descartados
- Energia nuclear no Japão: reserva de plutônio preocupa
E a agricultura?
Curiosamente a agricultura como possível culpada não foi listada, muito embora a agricultura japonesa permaneça altamente dependente de fertilizantes químicos e pesticidas.
O que é o Centro de Biodiversidade do Japão?
O Centro de Biodiversidade do Japão realiza pesquisa básica e monitoramento do ambiente natural japonês como vegetação, distribuição de fauna, rios/lagos, maremotos, recifes de coral e assim por diante.
Segundo o site oficial:
Através de quatro bilhões de anos de evolução, a vida na Terra se expandiu para uma diversidade quase infinita, cada espécie interagindo com outras e se moldando ao seu habitat até que um ecossistema global se desenvolvesse. Essa diversidade de formas de vida é comumente referida como biodiversidade. A biodiversidade não é apenas crucial para o equilíbrio do ecossistema, mas também traz benefícios incomensuráveis para as vidas humanas.
Nos últimos anos, no entanto, as atividades humanas tem causado um rápido declínio na biodiversidade, com a destruição de habitats e a caça excessiva.
Isso é verdade tanto no Japão quanto em qualquer outro lugar, onde as mudanças no ambiente natural ameaçam muitas espécies que se desenvolveram ao longo de milhões de anos.
Buscando conservar a biodiversidade e garantir o uso sustentável do ambiente natural em escala global, a Convenção sobre Diversidade Biológica entrou em vigor em 1993. Depois de se tornar signatário, o Japão adaptou a Estratégia Nacional de Biodiversidade em 1995, traçando um plano básico para alcançar as metas estabelecidas na convenção.
Seguindo essa estratégia nacional, o Centro de Biodiversidade do Japão foi estabelecido para incentivar a conservação da biodiversidade no Japão e também para contribuir com os esforços internacionais para a conservação da biodiversidade.
Fontes: JapanAllOver, Biodiversity Center of Japan, Wikipédia