Já ouviu falar no livro Sōbō? Não? Então fique por aqui e conheça um pouco mais sobre este importante romance do século XX que fala sobre a imigração japonesa no Brasil e que venceu o primeiro Prêmio Akutagawa, um dos mais importantes prêmios literários do Japão.
Dia 20 de junho foi o dia internacional do Nikkei (descendente de japonês) e para não passar em branco falemos um pouco sobre o romance Sōbō.
Publicado inicialmente em 1933, descreve a longa viagem entre o Japão e o Brasil, a chegada ao porto de Santos e a distribuição dos trabalhadores pelas fazendas de café, abordando as experiências do autor com as condições dos imigrantes, mas de forma romanceada. O livro descreve diversas personagens, seus motivos para imigrar, as dificuldades enfrentadas, tanto pela situação de pobreza da grande maioria das personagens quanto pelo estranhamento e os problemas de adaptação com a cultura desconhecida.
O autor
O autor Tatsuzō Ishikawa (1905-1985) nasceu na província de Akita, Japão. Foi repórter e, posteriormente, escritor. Entre várias obras, destacam-se Hikage no mura (Aldeia à Sombra, 1937) e Ikiteru heitai (Os Soldados Sobreviventes, 1938). A única obra traduzida para o português, por enquanto, continua sendo Sōbō, que foi um esforço tradutório conjunto para as comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil em 2008.
Segundo consta, o autor havia feito um acordo com a revista em que trabalhava para escrever artigos sobre a viagem de imigração ao Brasil. No entanto, ao chegar à hospedaria de imigrantes no porto de Kobe, ponto de partida dos navios de imigração, ficou chocado com a miséria dos imigrantes e decidiu então escrever um romance.
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O Prêmio Akutagawa
Em 1935, o romance venceu o primeiro Prêmio Akutagawa, prêmio este criado pelo editor da revista Bungeishunjū, Kan Kikuchi, em homenagem ao grande autor Ryūnosuke Akutagawa, autor de contos como “Rashōmon” e “A vida de um idiota”.
O Prêmio Akutagawa é um prêmio literário japonês que ocorre semestralmente. Devido ao seu prestígio e à considerável atenção que o vencedor recebe da mídia, é, juntamente com o Prêmio Naoki, um dos prêmios literários mais cobiçados do Japão.
Uma curiosidade sobre o prêmio
Conta-se que na ocasião do primeiro prêmio, Tatsuzô Ishikawa concorreu com Osamu Dazai, que ficou chateadíssimo por não ter vencido o prêmio. Hoje, Dazai é imensamente mais reconhecido na literatura japonesa que Ishikawa.
Não é como se um prêmio definisse a qualidade de um escritor. No entanto, como dito anteriormente, o prêmio coloca sob os holofotes o autor e a obra premiada, dando-lhe visibilidade.
Infelizmente Ishikawa não é muito lembrado pelos japoneses, apesar de sua extensa carreira. Normalmente a imigração japonesa não é um assunto muito abordado na literatura.
Mas o Brasil, por possuir a maior colônia de japoneses do mundo, acaba por ter um interesse maior no assunto.
Enfim, se você tem interesse na história da imigração japonesa no Brasil, o livro é imperdível.
E como extra…
Para complementar a leitura, há o dorama e também livro “Haru e Natsu – As cartas que não chegaram”, que conta a história de duas irmãs separadas ainda na infância que só voltam a se encontrar na velhice. Uma emigrou com o resto da família para o Brasil, enquanto a outra teve de ficar no Japão, pois o Brasil não aceitava pessoas infectadas com tracoma, uma doença ocular muito comum na época. Infelizmente tanto o dorama quanto o livro são muito difíceis de se encontrar, mas fica a recomendação.
Fontes: Wikipédia 1, 2, Ateliê Editorial