Ainda hoje existem órfãos da guerra no Japão. Essas são pessoas que ainda acreditam poder reencontrar suas famílias. Não necessariamente encontrar seus familiares vivos, mas ao menos saber o que aconteceu com eles e pode restabelecer o laço familiar.
A II Guerra Mundial acabou no ano de 1945. A rendição do Japão ocorreu no mês de agosto depois do lançamento das bombas de Hiroshima e Nagasaki. A partir daí, em um cenário de destruição, muitos soldados votaram para suas casas ou o que restava delas e outras tantas crianças estavam abandonadas e sem seus pais que tinham sido mortos ou até mesmo sem saber o que havia lhes acontecido.
Conheça aqui um pouco sobre essas histórias dessas crianças que acabaram sendo adotadas por outras famílias. E hoje, mesmo já sendo idosas, ainda procuram saber o que aconteceu com seus familiares e entes queridos.
Órfãos da guerra no Japão
Uma dessas histórias é a de Kawamoto Koto. Ela diz acreditar que tem cerca de 78 anos, mas não há como ter certeza. Ela foi separada de sua família e abandonada na China durante o fim caótico da Segunda Guerra Mundial. Ela é uma das cerca de 2.800 pessoas conhecidas como “órfãs de guerra” no Japão.
Kawamoto tinha cerca de três anos quando foi adotada por um casal chinês. Por conta da pouca idade, ela não consegue se lembrar de seu nome original, data de nascimento ou como era sua família.
Kawamoto cresceu na pobreza no nordeste da China. Os invernos eram frios e seus pais adotivos eram fazendeiros. Assim, eles não tinham dinheiro para comprar suas roupas adequadas. Ela se lembra de ter caminhado na neve um dia e seus pés ficando tão frios que ela teve que colocá-los no esterco de vaca para se aquecer.
Ela deu sequência a sua vida na China. Assim, tornou-se professora, casou-se e teve quatro filhos. Mas ela nunca parou de sonhar com o Japão e com as possibilidades de reunir a sua família de sangue novamente.
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No ano de 1972 as relações diplomáticas entre a China e o Japão foram retomadas. E somente em 1981, o governo japonês lançou um esforço para reunir os órfãos de guerra com suas famílias.
Com essa esperança de encontrar a sua família, quando tinha cerca de 45 anos, Kawamoto decidiu se mudar para o Japão permanentemente com sua família. Ela encontrou trabalho como faxineira e sempre exerceu outras funções que não exigissem que tantas habilidades do idioma japonês. Afinal de contas, já tinha muito tempo que não tinha o contato com ele.
Kawamoto é uma das 2.818 pessoas que o governo japonês reconheceu oficialmente como órfãos de guerra deixados para trás na China. Mais da metade vive agora no Japão, apesar de não ter conseguido encontrar sua família.
Muitas pessoas já conseguiram saber do paradeiro de suas famílias. Mas existem muitas que ainda permanecem nas buscas e tantas outras que ainda nem começaram a procurar.
Fonte: NHK.