A viagem dos japoneses para o Brasil no começo do século XX foi uma verdadeira aventura. Muitos tiveram de encarar tanto a dor da partida, como muitas dores no meio da viagem. Alguns deles, nem mesmo chegaram ao seu destino final.
Conheça aqui um pouco mais sobre como foi essa viagem e quais eram as condições dos navios que trouxeram os japoneses.
A viagem de navio dos japoneses para o Brasil
Os primeiros japoneses que chegaram no Brasil por conta do acordo entre o país e o Japão foi em 1908. Eles vieram no navio Kasatu Maru. Originalmente esse navio era russo, mas acabou sendo usado como um navio-hospital durante a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905) e depois dado ao Japão como uma indenização ao final do confronto.
Assim, o governo japonês o adaptou para ser um navio de transporte e realizou inúmeras viagens. Entre elas, essa para o Brasil. Posteriormente, o navio foi afundado na II Guerra Mundial no ano de 1945.
Em seguida ao Kasatu Maru outros navios começaram a ter como destino o Brasil. Dois anos depois, chegou em Santos o Ryojun Maru. E assim seriam pelos próximos anos, quando a imigração se intensificaria enquanto o povo japonês tentava se adaptar à dura realidade que encontravam nas fazendas.
As primeiras viagens eram em navios que comportavam até 1000 pessoas. Já em 1918, há o registro do navio Wakasa Maru com quase 2000 japoneses. O percurso durava quase dois meses. O Kasatu Maru, por exemplo, demorou um total de 52 dias para chegar ao porto de Santos.
Muitos desses navios, como o Wakasu Maru não tinham condições para trazer pessoas. No caso deste navio, como descreveu Jorge J. Okubaru em seu livro, era um cargueiro que levou café para o Japão. Para não perder a viagem, trazia pessoas. Ou seja, não havia leitos para os imigrantes.
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Assim, um adulto possuía um espaço de cerca de 90 cm por 180 cm para ficar. As crianças estavam restritas a um espaço ainda menor. Era nesse pequeno espaço que eles deveriam colocar as suas esteiras para dormir.
Além disso, os imigrantes tiveram de enfrentar o balançar dos navios e até mesmo terríveis tempestades que eram capazes de lançá-los de um lado para o outro.
A higiene e as doenças na viagem dos japoneses para o Brasil
Os banhos também eram limitados, como mostrou Jorge J. Okubaru, havia água doce somente uma vez por semana e com o limite de uso de três baldes. Como as mulheres tinham cabelos longos, podiam usar mais dois baldes. E para quase duas mil pessoas, havia apenas 4 banheiros.
Por conta do amontoado de pessoas e também pela falta de higiene, era comum que alguns morressem durante o percurso. Houve casos de mortes por meningites que chegaram a matar dezenas de passageiros.
Para saber mais sobre a viagem de imigração dos japoneses para o Brasil, não deixe de conferir o livro de Jorge J. Okubaro: O Súdito.