Ex-integrantes da Yakuza não conseguem empregos mesmo com a ajuda do governo

Os ex-integrantes da Yakuza no Japão enfrentam uma longa lista de empecilhos para conseguirem um emprego. Para se ter uma noção dessa dificuldade, no ano de 2020 estima-se que 5.900 pessoas conseguiram deixar o crime com a ajuda da polícia e outros, mas apenas 3,5% delas conseguiram encontrar trabalho.

Conheça aqui um pouco mais sobre essa realidade e as ações do governo e da polícia para que um ex-integrante da Yakuza não precise voltar para a organização.

Ex-integrantes da Yakuza e a busca por um emprego

Um dos locais que um ex-integrante da Yakuza pode ir depois de sair da organização é para o Centro de Remoção de Organizações Criminosas. Lá ele irá encontrar auxílio para conseguir um emprego.

No ano de 2018, um home se dirigiu a uma estação policial dizendo que queria deixar a Yakuza. Ali foi orientado a nunca mais entrar em contato com a organização e a entrar em contato com um centro.

No centro, um homem conseguiu ter várias opções de trabalho, entre as quais acabou sendo aceito como funcionário regular em uma empresa de manutenção de equipamentos de hotel, entre outros serviços. Depois de se tornar funcionário da empresa, seu superior o ensinou a usar o computador e criar documentos.

O diretor de recursos humanos da empresa falou muito bem dele: “Tive a impressão de que ele era uma pessoa decente, com grande vontade e capacidade de agir e de se demitir do sindicato do crime. Ele também tem uma atitude muito séria em relação ao trabalho.”

Cerca de um ano depois de trabalhar na empresa, foi promovido a chefe de seção. “Pude chegar até aqui porque até as pessoas que sabiam que eu era um ex-yakuza me viam sem preconceito como ser humano. Agora, estou pensando em como posso ajudar a empresa.”


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As dificuldades dos ex-integrantes da Yakuza para encontrar um emprego

Um morador de Tóquio na casa dos 40 anos que deixou a Yakuza em 2013 citou o exemplo das contas bancárias para enfatizar a dificuldade da vida depois de deixar uma gangue.

O setor bancário tem uma regra que proíbe o ex-yakuza de abrir contas em banco até cinco anos depois de deixar a gangue. Isso força ex-membros de gangues a explicar aos empregadores por que eles não podem abrir contas bancárias e torna mais difícil a procura de emprego.

Por acaso, o homem tinha um conhecido que dirigia uma empresa sem vínculos com sindicatos do crime e, por acaso, conseguiu trabalho lá. “Foi possível para mim me tornar funcionário da empresa por causa da compreensão dessa pessoa, mas há muitas pessoas que, embora possam encontrar um emprego, realmente não se encaixam no trabalho por causa de suas tatuagens ou falta de dedos . Inúmeras pessoas que não conseguem encontrar trabalho e acabam sem dinheiro, passam a confiar em amigos do passado e começam a comprar e vender metanfetaminas e outros estimulantes. Eles voltam para suas antigas gangues. ”

Em última análise, o maior desafio da procura de emprego é ser capaz de encontrar vagas onde os empregadores entendam as circunstâncias dos candidatos.

Enquanto os ex-yakuza tiverem empregos, isso pode impedi-los de voltar para suas gangues ou de cometer crimes. De acordo com a Agência Nacional de Polícia, cerca de 5.900 pessoas conseguiram deixar sindicatos do crime com o apoio da polícia e outros na década que terminou em 2020, mas apenas 210 pessoas encontraram trabalho no mesmo período.

Em resposta à situação, os departamentos de polícia e outros órgãos em todo o país estão colocando seu peso na assistência ao trabalho para ex-membros do sindicato do crime, além de pagarem altos valores para empresas que contratam ex-Yakuzas.