Hospital no Japão possui porta para pais deixarem bebês que não podem criar

Já faz mais de uma década, que um hospital no Japão, o Hospital Jikei, colocou uma escotilha de bebês. Nela os pais podem deixar os bebês que não conseguem cuidar sozinhos.

Hoje as primeiras crianças deixadas lá já possuem mais de 18 anos e também já podem comentar sobre as situações pelas quais passaram ao saber que tinham sido deixados pelos seus pais.

O jornal japonês Mainichi Shinbum conseguiu entrevistar um jovem de 18 anos que foi deixado aos 15 anos nessa escotilha. Conheça aqui como funciona esse lugar para deixar as crianças e também como uma pessoa que passou por essa experiência de ser deixado vê essa situação.

Hospital no Japão que aceita as crianças deixadas pelos pais

A escotilha de bebês do hospital no Japão é conhecida como Konotori no Yurikago (berço da cegonha) – está localizada no Hospital Jikei, na cidade de Kumamoto, e foi inaugurada no ano de 2007.


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O que pensa uma pessoa que foi deixada em um hospital no Japão

O jornal Mainichi Shinbum entrevistou Koichi Miyatsu, que tem 18 anos. Ele foi encaminhado da escotilha para um centro de consulta infantil e ficou sob seus cuidados por vários meses a espera de adoção.

Yoshimitsu Miyatsu, 64, e Midori Miyatsu, 63, o acolheram. Na época, o casal havia criado cinco filhos biológicos do sexo masculino que eram adultos ou estudantes do ensino médio, e Yoshimitsu havia se registrado como um “pai adotivo especializado” que cria crianças que necessitam de cuidados especiais.

Quando o casal recebeu Koichi em sua casa, ele raramente chorou no começo. Midori dizer até mesmo para  ele que “não há problema em chorar” em uma vez que ele caiu.

Enquanto ele foi criado sob os cuidados calorosos dos Miyatsus, Koichi não se lembrava de seus pais biológicos.

Entretanto, mesmo assim ele tinha curiosidade para saber se seus pais biológicos e quais eram as suas raízes. Além disso, por conta de filmes e imagens que via na TV, imaginava que tinha sido abandonado em uma caixa ou algo do tipo pelos seus pais.

Porém, isso mudou. Quando ele estava em seus primeiros anos de escola primária, Koichi descobriu o nome de sua mãe biológica. Ele soube que ela morreu em um acidente de trânsito vários meses depois de dar à luz Koichi, e que ele morava com outros parentes até ser colocado na escotilha.

Em seguida, ele resolveu visitar o túmulo de sua mãe no  leste do Japão. E, em seguida, ele leu em voz alta uma carta que havia escrito para a sua mãe biológica, agradecendo-lhe por ter dado à luz a ele, e queimou-a com a esperança de que a alcançasse no céu.

Koichi, na tentativa de ajudar outras crianças que também foram deixadas, ele abriu uma cantina infantil em uma igreja que frequenta pelo desejo de criar um lugar onde as crianças, que tendem a ficar isoladas devido à pandemia de coronavírus, possam falar abertamente sobre suas preocupações.