Karakuri é o nome dos primeiros robôs do Japão, bonecos autômatos que datam de mais de 300 anos.
Conheça os curiosos bonecos Karakuri, os precursores dos tecnológicos robôs modernos, sua origem, história e curiosidades.
O Japão ama robôs
O Japão sempre levou muito a sério sua produção de robôs e estima-se que atualmente existam cerca de 250 mil robôs trabalhando nas indústrias do país. Um número que só tem aumentado a cada ano.
Portanto, seria um grande engano pensar que a avançada tecnologia robótica do Japão surgiu com a modernização científica. Isso porque a cultura deste país tem uma história de autômatos que vem desde o seu período Edo (1603-1868).
O que é Karakuri
Karakuri são bonecos autômatos que foram produzidos em um grande número durante os séculos XVII a IXX no Japão e são considerados os precursores dos modernos robôs japoneses.
Vários festivais do Japão ainda fazem uso do Karakuri para representarem uma cena da história do país ou algum mito.
A maioria dos Karakuri foram produzidos para o teatro, festivais ou como uma novidade para se ter em casa. Muitos deles podem atirar flechas ou servir chá e demonstram uma notável sofisticação para sua época.
Origens do Karakuri
As sementes da indústria robótica do Japão foram plantadas já no século XVII com a criação dos fantoches Karakuri.
Karakuri pode ser traduzido, literalmente, como “mecanismos” ou “truque”, e esses bonecos eram comumente usados no teatro japonês, nas festas religiosas ou na vida doméstica.
Estes títeres mecanizados, ou autômatos, influenciaram fortemente os teatros Nô, Kabuki e Bunraku (teatro de bonecos), e posteriormente, a moderna tecnologia robótica.
A história
Existem algumas explicações históricas para a origem do Karakuri que remontam a um passado ainda mais distante do que o do período Edo.
Uma delas é sua origem a partir de mecanismos de navegação criados na china a 2600 anos A.C., os chamados “south-pointing chariot” (carruagem indicadora do sul), outra é uma antiga história de um compilado de 1120, chamado “Konjaku Monogatuari-shu”.
O “Konjaku Monogatuari-shu” era uma coleção de mais de 1000 histórias do Japão medieval. Uma das histórias explica como o Príncipe Kaya fez um boneco gigante Karakuri, usado em Quioto. A história é a seguinte:
“Em um passado, havia um homem chamado Príncipe Kaya (794-871), que era um filho do Imperador Kanmu (781-806). Ele era um artesão extraordinariamente hábil.
Houve um ano em que uma grande seca pairou sobre todo o seu reino, e em todos os lugares havia queixas de campos de arroz chamuscados e mortos.
Os campos estavam em perigo especial, pois era água do Rio Kamo que os irrigava, e aquele rio secara completamente. Logo os campos de arroz se tornariam terra estéril, e as mudas ficariam vermelhas e morreriam.
O Príncipe Kaya, entretanto, inventou o seguinte. Ele fez um boneco na forma de um menino, com cerca de quatro metros de altura, segurando um jarro levantado em ambas as mãos.
O boneco foi criado de modo que quando o jarro era enchido com água, imediatamente derramava sobre o rosto do menino.
Aqueles que o viam levavam conchas de água para que pudessem encher o jarro e ver o rosto do menino se molhar e isso exerceu uma grande curiosidade.
Tão rápido a notícia se espalhou, e logo toda a capital estava lá, despejando água e desfrutando da diversão. E o tempo todo, a água derramada, naturalmente, irrigava os campos.
Quando os campos estavam completamente inundados, o príncipe pegou o boneco e o escondeu. E quando a água secou, ele tirou o boneco e o montou novamente. Assim como antes, as pessoas se reuniram para derramar água, e os campos eram inundados. Desta forma, os campos foram mantidos a salvo dos danos.
Este era um equipamento esplêndido, e o príncipe foi elogiado aos céus por sua habilidade. Assim, o conto foi transmitido”.
Karakuri Hoje
Hoje em dia os bonecos Karakuri são tidos como raros, e os poucos bonecos originais e históricos encontram-se, em sua maioria, em museus do Japão.
Alguns festivais têm a tradição de utilizar os bonecos Karakuri em seus carros alegóricos.
Atualmente, existem pouquíssimos artesãos que desenvolvem trabalhos de Karakuri, pois essa é uma arte que exige habilidades de engenharia e escultura muito detalhadas.
Os poucos profissionais que exercem esse ofício trazem essa arte na família, em um aprendizado de pai para filho, como o caso do jovem Hideki Higashino, que começou a trabalhar com o seu pai, e agora perpetua o que ele chama de “cristalização da tecnologia japonesa”.
Assista abaixo a dois vídeos de épocas diferentes, onde o pai e depois o filho mostram seus trabalhos e ofício, como a secular arte de automação, Karakuri.
Assista também a essa exibição de movimentos completa de um boneco Karakuri, em Takayama.
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