Se proteger, mas onde? Japoneses estão sem saber o que fazer mediante à ameaça dos mísseis norte-coreanos.
Buscar refúgio em uma construção firme ou subterrânea é o principal conselho das autoridades japoneses em caso de ataque por míssil.
Mas existem dois grandes problemas: a maioria das residências no arquipélago são feitas de madeira e sem porões. Nas áreas rurais é comum não haver construções de concreto, e com apenas alguns minutos após o disparo do projétil, não haveria tempo hábil de se proteger.
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Recentemente a Coreia do Norte disparou seu segundo míssel sobre o Japão em menos de 1 mês, e ameaçou “afundar” o arquipélago no mar com armas nucleares. Muitos japoneses expressaram um sentimento de desamparo mediante à ameaça de Pyongyang.
O Sushi Chef Isamu Oya, 67 anos, proprietário de um restaurante na pequena cidade de Erimo, local que fica no trajeto do míssil, compartilha o temor.
“O governo nos disse para nos proteger em uma construção segura ou subterrânea, mas não existem lugares assim aqui. É assustador? Sim, mas não temos o que fazer.”
“É assustador? Sim, mas não temos o que fazer.”
O Japão é um dos países com maior atividade sísmica do mundo e propício a eventos climáticos extremos, por isso, sua população é bem orientada em evacuações de emergência seguindo um sistema de aviso eficiente.
Quando o míssil é detectado, o sistema J-Alert é acionado imediatamente, iniciando alertas de alto-falantes, programas de TV são interrompidos e mensagens de textos são enviados para todos os celulares.
Autoridades locais e escolas começaram a incluir neste ano treinamentos de como proceder em caso de ataque de mísseis.
Pesquisa revela temor
Em uma pesquisa realizada pelo canal NHK, mais da metade dos entrevistados disseram que estão “muito preocupados”, um terço das pessoas disseram que estão “atentas e alertas” e apenas dois porcento disseram “não se preocupam”.
Machiko Watanabe, 66, disse que está muito preocupada e que acompanha diariamente as notícias. “Eu não acho que seja possível me proteger. O governo e especialistas dizem para deitar no chão e “se abraçar”. Mas não há como sobreviver se houver o ataque.”
Procura por proteção
Para alguns, a situação ajudou a alavancar os negócios como no caso da empresa Oribe Siki Seisakusho, fabricante de construções seguras. “Com a situação da Coreia do Norte como está, e com os alertas do J-alert, as pessoas não sabem para onde escapar”, relatou Nobuko Oribe, executivo da empresa.
A demanda aumentou muito por parte de famílias, que estão construindo casas novas, ou pequenos proprietários, que querem construir lugares seguros para seus funcionários perto das fábricas e escritórios”.
Contudo, uma construção deste tipo não é uma opção para qualquer um. Demora por volta de quatro meses para se construir e tem um custo de 25 milhões de ienes para um bunker de 13 pessoas.
Nas ruas de Tóquio, muitos não ligam para a ameaça do país vizinho.
Ken Tanaka, web designer de 21 anos, disse que “não se importa” com os projéteis, pois acredita que a capital japonesa possui 14 milhões de habitantes e é segura.
“Eu não acho que a Coreia do Norte se atreveria a atacar Tóquio. Eu não penso muito nisso como um morador da região”, disse. “Eu tenho 21 anos e isso não me parece real”.