O Japão, um país conhecido por seu rigor e tradição, enfrenta um novo desafio na era pós-pandêmica.
Com a redução gradual do uso de máscaras, muitos japoneses buscam recuperar uma habilidade social fundamental: o sorriso.
A importância de um sorriso
Em uma das aulas recentes da instrutora Keiko Kawano, estudantes de uma escola de arte de Tóquio exercitavam o sorriso. De frente para espelhos, eles forçavam os cantos da boca para cima, em busca da expressão facial perfeita. Uma prática que, para a surpresa de muitos, tem sido amplamente procurada.
Os serviços de Kawano, literalmente denominados “Educação do Sorriso”, tiveram um salto na procura. Empresas buscando vendedores mais acessíveis e governos locais desejando melhorar o bem-estar dos residentes compõem parte dessa demanda. Uma lição individual de uma hora tem o custo de 7.700 ienes.
Com a recomendação do governo para usar máscaras sendo revogada em março, muitos ainda relutam em deixá-las de lado. Uma pesquisa de maio da emissora pública NHK revelou que 55% dos japoneses ainda as usavam tanto quanto dois meses antes.
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Cultura e comunicação
Intrigante é o fato de que cerca de um quarto dos estudantes mantiveram suas máscaras durante a aula. Segundo Kawano, isso pode indicar que os jovens se acostumaram com a vida de máscaras. As mulheres, por exemplo, podem se sentir mais à vontade para sair sem maquiagem, enquanto os homens podem esconder que não se barbearam.
A técnica patenteada de Kawano, denominada “Técnica de Sorriso ao Estilo de Hollywood”, é composta por “olhos em crescente”, “bochechas redondas” e o ajuste dos cantos da boca para mostrar oito dentes superiores. Os alunos podem testar sua técnica em um tablet para receber uma pontuação em seu sorriso.
A cultura japonesa pode desencorajar o sorriso mais do que na cultura ocidental, argumenta Kawano. Segundo ela, o sorriso é um sinal de que “não estou segurando uma arma e não sou uma ameaça para você”. Com um aumento do turismo, a comunicação no Japão precisa ir além dos olhos, ela acrescenta. “Acredito que há uma necessidade crescente das pessoas sorrirem.”
Fonte: Reuters