Com a renúncia do imperador Akihito prevista para 30 de abril de 2019, o ano de 2018 ficará conhecido com o último ano da Era Heisei no Japão.
Mas afinal, qual será o legado dessa Era para o Japão e as pessoas?
1989 – Nasce uma nova era no Japão
A atual era japonesa foi oficialmente proclamada em 7 de janeiro de 1989 pelo Chefe de Gabinete, Keizo Obuchi.
De acordo com os registros, havia três nomes candidatos ao gengo que substituiriam a Era Showa: Hensei, Shubun e Seika.
A escolha do gengo Hensei para a nova era do Japão é originária de obras chineses, pode ser traduzida como alcançar a paz.
Porém, a descrição mais profunda do conceito da palavra remete que se a paz foi alcançada dentro de casa, boas relações serão construídas com outras nações.
De fato foi uma decisão lógica, afinal Showa pode ser traduzido por período iluminado por paz e harmonia.
Embora as segunda guerra mundial tenha devastado o Japão, os anos percussores transformaram o Japão no famoso Tigre Asiático.
Afinal, o Japão era o único país da Ásia a fazer parte do seleto grupo de países industrializados e com os maiores IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo.
Por isso houve muito entusiasmo dos japoneses em relação a nova era que chegava no país com o Imperador Akihito.
Década de 90: as heranças da Era Showa
Apesar do enorme crescimento econômico no pós segunda guerra mundial, os primeiros anos da Era Hensei foram marcados pela herança dos abusos econômicos do país.
Esse período ficou conhecido como a década perdida, resultado de um colapso econômico causado por um bolha financeira do setor imobiliário do país.
Embora muitos brasileiros que trabalharam no Japão durante a década de 90 relatarem excelentes ganhos no país, é preciso levar em conta a realidade do Brasil na época.
Fato é que, naquele ano foi o início de uma grande perca do poder de compra do japoneses e condições de trabalho cada vez mais difíceis e exigentes. Além da redução no número de boas vagas de emprego.
Outros problemas ligados as crises na Coreia do Norte após o colapso da União Soviética e a crise nuclear na região também tornaram a política japonesa cada vez mais conturbada.
Anos 2000: Perca do protagonismo regional
Enquanto o Japão sofria com a recessão econômica interna na década de 90, outros países da região como China, Coreia do Sul e Singapura se desenvolveram em uma velocidade recorde.
Com as políticas econômicas implementadas pelos chineses para atrair grandes complexos industriais para seu território, o poder militar, político e econômico da Ásia mudou de mãos.
Ainda que a Coreia do Sul seja uma aliada política e militar do Japão, a rivalidade econômica entre os dois países é muito grande atualmente e empresas coreanas são líderes no mercado asiático.
Enquanto o Japão se recuperava de sua crise interna, a crise econômica mundial arrastou o país novamente para o caos.
Segundo muitos especialistas, os anos 2000 também são considerados como uma década perdida. Ou seja, não foram uma e sim duas décadas perdidas no Japão.
Além do cenário econômico, diversos escândalos políticos envolvendo os partidos políticos japoneses abalaram a confiança do povo na classe governante.
Outra marca negra na história da Era Heisei é a tentativa do Partido Liberal Japonês de rever o artigo 9 da Constituição do Japão, conhecida como a essência da constituição pacifista adotada pelo país após a segunda guerra mundial.
E enquanto na Era Showa o Japão se absteve de questões militares no cenário internacional no contexto da guerra fria, militares japoneses chegaram a ser enviados para o Iraque durante a Era Heisei.
2010 a 2018 – anos de superação e turbulência
Alguns especialistas apontam que é possível que a Era Heisei seja conhecida como uma era triste que precede uma era de não confiança.
Mesmo com as melhoras no mercado de valores japoneses, os estragos da última recessão mundial e a atual guerra comercial entre a China e os EUA também prejudicam o Japão.
Além disso, diversos escândalos envolvendo o primeiro ministro Shinzo Abe, seu partido e aliados minaram a classe política japonesa.
Também é importante ressaltar que o Abe ainda se mantém determinado e revisar a constituição pacifista do país com o pretexto de defesa de possíveis agressões da China, Rússia e Coreia do Norte.
A catástrofe dos Tsunamis de 2011 por outro lado demonstraram o poder e o espírito de superação da nação japonesa em um tragédia que devastou o país.
Isso demonstra que o povo japonês se mantêm como um bambu, flexível mas não quebra nem com os ventos mais fortes.
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Ainda que a classe política tenha decepcionado a população do Japão com várias medidas impopulares, a Era Heisei poderá ser um divisor de águas (para o bem ou para o mal) na terra do sol nascente.
A próxima Era ainda é cheia de dúvidas e incertezas, mas, com certeza, deixou a nação mais forte e reforçou o espírito japonês para uma nova jornada de desafios e superações.
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Fontes: Japan Times, The Economist, CNN, Bloomberg.