O conto de Momotaro, o menino pêssego é bem conhecido entre crianças e adultos no Japão. Além disso, existem várias versões para essa lenda.
Umas são resumidas e mais leves para as crianças e outras mais completas e violentas para adultos. No demais, de acordo com cada região, a estória ganha aspectos diferentes também.
Conheça uma versão que foi publicada em um livro de fábulas do folclore japonês de 1908.
Momotaro
A muito tempo atrás, viviam juntos uma idosa e um idoso camponeses que trabalhavam duro para ganhar um sustento.
O homem costumava cortar grama para os fazendeiros. Enquanto isso, sua esposa se ocupava com as tarefas de casa e cuidava da sua pequena plantação de arroz.
Em um dia comum saíram juntos pela manhã. O verão se aproximava e a cor da grama lembrava um tapete de veludo de esmeraldas e as árvores de salgueiro farfalhavam com o vento.
A brisa corria nas águas e fazia pequenas ondas. Além disso, tocava levemente nas bochechas do casal. De repente, sem aparente razão, eles se sentiram muito felizes. Então, seguiram caminhos diferentes.
Encontrando um pêssego
A idosa achou um banco de areia confortável na beira do rio para sentar. Acomodou a cesta de roupas ao seu lado. Peça por peça enxaguava a roupa no rio e esfregava nas pedras.
A água era clara como cristal e dava para ver os peixes e as pedras ao fundo. Concentrada em sua tarefa, logo notou um pêssego grande na correnteza.
A idosa tinha 60 anos, mas até aquele momento nunca tinha visto uma fruta daquele tamanho. Logo, pensou que deveria ser deliciosa.
Esticou os braços e tentou alcançar o pêssego, mas não conseguiu. Olhou em volta em busca de um graveto longo o suficiente e novamente não conseguiu.
Parou um momento para pensar. Então, lembrou de um verso antigo. Logo, começou a bater palmas para controlar o ritmo do pêssego nas águas enquanto entoava.
“A água distante é amarga,
A água de perto é doce,
Passe pela água distante,
E venha no doce.”
Então, o pêssego começou a chegar mais perto do banco de areia. Ela estava encantada. Então, colocou as roupas de volta ao cesto de bambu e foi para a casa feliz da vida.
Ansiedade em casa
O tempo que esperou para seu marido retornar pareceu muito longo. O homem chegou junto com o pôr do sol, com um grande cesto em suas costas com grama que o encobria.
Além disso, parecia cansado e se apoiava em uma foice. A velha o chamou de Fii-san e o avisou que tinha esperado por um longo tempo. O homem indagou qual era o motivo de tanta impaciência e ansiedade. Ela avisou que tinha um presente.
O presente
Ele lavou seus pés em um balde e entrou na varanda da casa. A idosa correu de dentro de um cômodo, trouxe o pêssego e percebeu que estava mais pesado.
Atônito e feliz pelo tamanho da fruta ouviu de sua esposa todo o ocorrido.
Fii San estava com fome e foi para a cozinha pegar uma faca. Quando estava pronto para cortar, o pêssego abriu ao meio e surgiu uma criança linda.
A criança disse: “Não tenham receio. Não sou um demônio ou fada. Contarei a vocês a verdade. O céu tem compaixão por vocês. Dia e noite lamentaram por não ter um filho. O choro foi ouvido e fui enviado para ser o filho de vocês!”.
Menino pêssego
Eles ficaram muito felizes por terem suas preces atendidas. Além disso, já que o menino tinha nascido de um pêssego decidiram chamá-lo de Momotaro.
Os anos passaram e o menino cresceu forte na área rural e remota do Japão. Tinha 15 anos de idade. Era alto e mais forte que qualquer menino de sua idade, um rosto bonito e era sábio. Além disso, tinha um coração cheio de coragem.
A conversa
Até que um dia, cheio de gratidão pelos pais adotivos iniciou uma conversa com seu velho. Não sabia retribuir a bondade por todos aqueles anos.
Pedido inusitado
Então, fez um pedido inusitado. Queria sair em viagem sozinho. Contou que distante daquele local ao norte do Japão existia uma ilha perto do mar.
Era habitada por demônios maus que desafiavam as leis do Imperador e logo chegaria o dia que eles tentariam matar as pessoas e roubar o vilarejo.
Além disso, tinham fama de serem canibais e eram impiedosos com os pobres. Por isso, Momotaro desejava fazer justiça e devolver todos os tesouros roubados.
Kibidango
O idoso permitiu que o menino pêssego partisse e trouxesse paz novamente para aquelas terras. Momotaro não sabia o que era medo e se preparou para partir no dia seguinte.
Recebeu de seus pais uma sacola com kibidangos, doces japoneses feito de farinha de arroz para a jornada.
O cachorro
No começo do caminho sentiu-se com fome. Sentou embaixo de uma árvore para comer. Então, um cachorro muito grande veio correndo em sua direção pela grama.
O animal estava bravo por Momotaro não ter pedido permissão para passar pelo seu território. Ameaçou matá-lo a mordidas se ele não entregasse o saco de kibidangos.
O menino riu, explicou os motivos de estar ali, contou seu nome e afirmou que se o cachorro tentasse impedir, ele o partiria em dois.
O animal pediu desculpas e reconheceu o nome Momotaro. Além disso, pediu para acompanhá-lo até a ilha dos demônios e um bolinho.
O menino pêssego permitiu que o cachorro fosse, mas deu apenas metade do kibidango, pois era o melhor da região.
O macaco
Caminharam juntos por um longo tempo até chegarem a um local montanhoso. Até que um macaco desceu de uma árvore e cumprimentou Momotaro.
Além disso, pediu para ir junto. O cachorro desconfiado tentou dissuadir o menino pêssego e questionou a utilidade do macaco na viagem se ele já o tinha como companhia.
Porém, Momotaro estava impressionado com a coragem do macaco em querer enfrentar os demônios. Portanto, permitiu que fosse junto e deu metade de um bolinho.
Brigas
Os animais não se davam bem e tentavam brigar. Então, Momotaro mandou o cachorro andar na frente carregando uma bandeira e o macaco atrás com uma espada. O menino foi ao meio carregando um leque de ferro.
O pássaro
Até que chegaram a um campo aberto e um pássaro muito bonito apareceu. O cachorro avançou e eles começaram a brigar.
Admirado, pensou que o faisão era um bom lutador. Apartou a briga e pediu que o faisão se rendesse, pois os estava atrasando.
Caso se recusasse, pediria para o cachorro que arrancasse sua cabeça. O pássaro explicou que não tinha visto Momotaro. Arrependido e agradecido pela oportunidade de rendição pediu para ir junto.
Amigos
O menino aceitou de bom grado. Porém, o cachorro não gostou. Momotaro explicou que se eles não estivessem em paz entre si, nunca conseguiriam derrotar o inimigo.
A partir dali, todos deveriam ser amigos e conectados em uma mente. Se começassem a discutir seriam expulsos. Todos concordaram e o faisão recebeu metade de um bolinho.
Caminharam em harmonia até chegarem até o mar. No início, os animais ficaram com medo, pois tinham medo da água.
O menino pêssego afirmou que seguira sozinho, pois não poderia ser acompanhado de covardes para derrotar os demônios.
Os três suplicaram para não serem largados. O menino permitiu que o acompanhassem novamente e pegaram um barco.
A ilha dos demônios
Viajaram juntos contando histórias e o medo dos animais passou. Quando chegaram até a ilha avistaram um castelo.
Momotaro mandou o pássaro até lá. O faisão pediu que os demônios cortassem os chifres de suas testas e se rendessem. Caso contrário eles os matariam.
Com a recusa, o faisão começou uma briga. Enquanto isso, Momotaro, o cachorro e o macaco desceram na ilha.
Encontraram duas mulheres lavando roupas ensanguentadas no rio. Elas eram prisioneiras filhas de daimyos e os conduziram até uma entrada secreta no castelo.
O pássaro se juntou aos três e logo derrotaram todos os inimigos. Sobrou apenas o líder dos demônios.
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Se rendeu, arrancou seus chifres e pediu misericórdia. Momotaro o levou como prisioneiro, libertou todos os prisioneiros do castelo e recuperou todos os tesouros.
Voltou para casa e foi recebido como herói e seus pais viverem em paz e conforto.
Segundo as lendas do folclore japonês, Momotaro é de Okayama em Chugoku. A ilha dos demônios ficava em Megijima.
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