Japão aprova Lei de Imigração que impõe deportação a solicitantes reincidentes de refúgio

Na terça-feira, a Câmara dos Deputados do Japão aprovou uma polêmica proposta de revisão da lei de imigração.

Essa emenda permitiria às autoridades deportar indivíduos que aplicam repetidamente para o status de refugiado. Apesar da forte oposição dos apoiadores dos requerentes de asilo, a proposta agora está pronta para ser debatida no Parlamento.

Implicações da nova emenda

Atualmente, o Japão não pode deportar estrangeiros para seus países de origem enquanto seus pedidos de status de refugiado estão pendentes. Contudo, o governo suspeita que muitos têm abusado do sistema, aplicando múltiplas vezes com os mesmos argumentos para permanecer no país.

Com a emenda à lei de imigração, o governo liderado pelo primeiro-ministro Fumio Kishida visa acabar com a detenção prolongada em instalações de imigração de estrangeiros que não cumprem as ordens de deportação por excesso de permanência e outros motivos.


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A emenda proposta permitiria ao governo repatriar aqueles que falham em mostrar por que deveriam ser concedidos o status de refugiado ao se aplicar pela terceira vez ou mais. Além disso, a emenda planejada inclui conceder aos indivíduos de regiões afetadas por conflitos um status quase-refugiado, permitindo que permaneçam no Japão mesmo que não atendam aos critérios para refugiados.

Como parte dos esforços para evitar detenção de longo prazo, o governo permitiria que indivíduos solicitando o status de refugiado vivessem fora das instalações de imigração sob a supervisão de seus apoiadores.

Apesar da forte resistência, o bloco governante, liderado pelo Partido Liberal Democrático de Kishida, rejeitou o pedido de estabelecimento de um órgão de terceiros para fiscalizar o processo de reconhecimento de refugiados, introduzindo apenas pequenas alterações no projeto de lei.

Em 2021, a proposta de emenda à lei de imigração foi arquivada em meio a um crescente protesto após a morte de uma mulher do Sri Lanka de 33 anos, detida em uma instalação de imigração em Nagoya, Japão central. Ela havia reclamado de dores de estômago e outros sintomas por alguns meses e acabou falecendo por falta de cuidados médicos necessários. Sua família acredita que ela foi detida ilegalmente e entrou com uma ação contra o governo japonês.

Mais cedo neste ano, o governo apresentou ao parlamento o último projeto de lei, que mantém em grande parte o conteúdo do anteriormente retirado.

Em 2022, o Japão concedeu o status de refugiado a 202 pessoas, um recorde desde o início de sua concessão em 1982. No entanto, este número está muito atrás dos números de países europeus, onde as reivindicações de refugiados e asilo são frequentemente aceitas aos milhares anualmente, bem como os Estados Unidos.

A revisão da lei de imigração do Japão levanta questões sobre o equilíbrio entre a proteção dos direitos humanos e a manutenção da segurança nacional. Enquanto alguns vêem a emenda como uma necessidade para prevenir abusos do sistema, outros acreditam que ela poderia colocar em risco pessoas vulneráveis que buscam refúgio.

Fonte: Kyodo